RIL

As Reservas Internacionais Líquidas (RIL) são o somatório das disponibilidades de um Estado para efectuar, importando-as, compras de bens e de serviços necessários à satisfação da sua Procura Global (D – Demand). É a quantidade de dinheiro reservado ou destinado a financiar as importações de um Estado durante um determinado período de tempo. É uma reserva (é um activo disponível) em moeda forte (divisas) de um país. É uma forma de suporte à Balança de Pagamentos de um país.

Para entendermos melhor o conceito vamos definí-lo dissecando-o em três partes:  a) Reserva – algo que se guarda hoje para ser usado ulteriormente; b) Internacional – uma coisa com dimensão ou validade, também, para além das fronteiras nacionais do país em causa; c) Líquidas – são valores constituídos livres de quaisquer ónus recaíndo sobre eles.

É papel do Banco Central zelar pelo bom desempenho na economia deste agregado macro-económico, as RIL. Com efeito, o Banco de Moçambique (BM), em pleno uso das suas prerrogativas de Banco Central de Moçambique e que lhe são atribuídas pela Constituição da República de Moçambique (CRM), é o controlador-mor das RIL no nosso país. Neste âmbito, o BM, ao implementar a sua política monetária, tendente a enxugar o excesso de massa monetária na economia ou a encharcá-la com esta (operação de controle da Equação de Fischer MV=PY), também, tem a incumbência de controlar as RIL. No pacote do controle e implementação da política monetária, o BM cuida, também, de avaliar o comportamento da Inflação e das Taxas de Câmbio e de Juro.

Segundo o último comunicado do CPMO – Comité de Política Monetária – que se reúne trimestralmente sob a égide do Governador do Banco de Moçambique e é constituído por gestores seniores da área económica do nosso País, as nossas RIL estão definidas para nos dar ainda mais três meses de financiamento das nossas importações.

Os montantes das RIL, correspondem, segundo o Banco de Moçambique, ao valor para a cobertura das importações de bens e serviços não factoriais (bens finais, que não são usados como intermediários para a produção de outros bens), quando excluídos os grandes projectos. Mede-se em dólares e é geralmente apresentado como o período de tempo que as reservas são suficientes para a cobertura das importações.

Alguns estudiosos de economia alegam que o Banco de Moçambique tem tido uma política monetária excessivamente conservadora e cautelosa (reservas monetárias e internacionais elevadas), alegadamente para garantir a defesa da solvabilidade e robustez do sistema financeiro nacional. Mas estes críticos descuram o facto que poderá levar à desvalorização do Metical se a Inflação, a Taxa de Câmbio, a Taxa de Juros nas Operações Activas e os Preços “cavalgarem sem freios” na economia. O problema reside no facto de Oferta (S – Supply) estar aquém da Procura (D – Demand). E não é por falta de dinheiro na economia que há este desbalanceamento. Temos que aprofundar por quais motivos as nossas unidades produtoras de bens e serviços demandados pela procura global não conseguem corresponder. Há sinais que na elencação dos reais motivos pelos quais a nossa economia não é feliz na satisfação da procura, a escassez de dinheiro poderá figurar como sendo um dos últimos factores causadores deste fenómeno. Em minha modesta e ignorante opinião tal ocorre por falta de produtividade. Isto é, há desemprego, no sentido de sub-utilização generalizada dos recursos disponíveis. Por exemplo, um padeiro que numa hora deveria produzir 100 pães, mas só faz 10 unidades, este operário tem trabalho, mas está a fazê-lo em situação de sub-emprego, sub-utilizando os recursos que lhe estão disponibilizados, nos quais a sua força de trabalho está incluída. Um camião com capacidade instalada para transportar 10 toneladas de carga por dia, mas só carrega nesta unidade tempo apenas uma tonelada, convenhamos que não é por falta de dinheiro que há esbanjamento deste recurso. A nossa economia opera em situação de desemprego de recursos.

Dinheiro não é panaceia para todos os males existentes na economia.

ANTÓNIO MATABELE *

*   Economista

Este artigo foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Redactor, na sua edição de 19 de Janeiro de 2024, na rubrica de opinião denominada N’siripwiti – gato do mato

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