Aula de democracia

Aula de democracia – É claro que isto vai fazer mossa a muitos, mas é uma verdade da qual não se pode fugir com leviandade: consciente ou não, a RENAMO acaba de fazer história e jus ao título que há anos reclama, mas que pouco evidencia(va) – exercício efectivo da democracia, no seu seio, pelo menos.

É que, na madrugada desta quinta-feira, nas matas de Gorongosa (província central moçambicana de Sofala), santuário do partido, realizou aquilo que a crítica quase que unanimemente afirma ter sido uma eleição genuína dos seus órgãos, incluindo o presidente.

Dos cinco candidatos um, o general Hermínio Morais, desistiu da corrida a última hora e declarou apoio ao seu antigo colega de armas, Ossufo Momade, que depois foi eleito com uns expressivos 410 votos, seguido por Elias Dhlakama (238), Manuel Bissopo (sete) e Juliano Picardo (cinco).

Falo de “história” porque mesmo no seio da RENAMO nunca antes um líder havia sido eleito genuinamente, designadamente André Matadi Matsangaissa e Afonso Macacho Marceta Dhlakama.

Alguns dos participantes ao VI Conresso da RENAMO
Alguns dos participantes ao VI Congresso da RENAMO em Gorongosa

Idem para a Frelimo. Não há unanimidade sobre a eleição efectiva de Eduardo Chivambo Mondlane, Samora Moises Machel, Joaquim Alberto Chissano, Armando Emílio Guebuza e Filipe Jacinto Nyusi.

Entre os “camaradas”, a história oficial fala sempre da realização de eleições, mas a avaliar por aquilo que nos é dado a ver nas reuniões magnas dos “libertadores” depois da independência, eleições propriamente ditas, como as que se realizaram em Gorongosa esta semana … sejamos honestos.

Novo líder da RENAMO, exibindo a bandeira do partido
Novo líder da RENAMO, exibindo a bandeira do partido

O general Momade é, por assim dizer, o primeiro presidente de um partido político moçambicano eleito no verdadeiro sentido da palavra, e a RENAMO já pode se gabar por este feito perante os seus adversários políticos na praça.

Vai ser difícil de “engolir” esta, mas factos são factos e este não tem precedentes na “Pátria amada”.

A RENAMO, no seu todo, e Ossufo Momade, em particular, tem, pela frente, mais 99 dias de “lua-de-mel” com os seus militantes e com Moçambique, porque depois disso nós, o povo, vamos começar a cobrar, à medida do estatuto de segundo maior partido do país.

Ossufo Momade deve, de certeza, ter em mente que não será tarefa fácil substituir o carismático Afonso Macacho Marceta Dhlakama, apesar de ambos terem nascido em Janeiro e serem generais da RENAMO.

REFINALDO CHILENGUE

Este artigo foi publicado em primeira mão na edição em PDF do jornal Correio da manhã do dia 18 de Janeiro de 2019 na rubrica semanal TIKU 15!

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