Axinene reduzido a cinzas
Axinene, o maior prostíbulo conhecido do Norte de Moçambique, ficou reduzido a cinzas na madrugada desta segunda-feira, num incidente que não resultou em danos humanos, mas causou graves estragos materiais e abalou consciências na cidade de Nampula.
Trata-se de um “complexo” situado na Unidade Comunal 18 de Abril, no Bairro de Carrupeia, na cidade de Nampula, onde “trabalhavam no ramo da indústria do sexo” pelo menos 30 mulheres de diversas nacionalidades, segundo moradores das imediações.
Segundo as mesmas fontes, para além da prática da prostituição exercida maioritariamente por mulheres moçambicanas, malawianas e zimbabweanas, no Axinene, também conhecido por “Complexo Selva Humana”, também eram comercializados diversos tipos de bebidas alcoólicas e refrigerantes.
Não são conhecidas as causas do incêndio que destruiu completamente Axinene, havendo quem fale de um curto-circuito, mas também não é descartada a hipótese de fogo-posto, que surpreendeu muitas das mulheres a satisfazer alguns clientes nos quartos, enquanto outras simplesmente repousavam.
“Só descobri quando as chamas se faziam sentir lá atrás e, depois daí, saí a correr e fui bater todos os quartos que estavam ocupados. Seguidamente, chamei os meus amigos para tentar apagar o fogo, mas já tinha destruído grande parte da casa elo que não conseguimos”, contou-nos Veloso Augusto, guarda daquele estabelecimento.
Veloso Augusto deplorou a intervenção tardia dos homens do corpo de salvação pública – bombeiros – que, conforme disse, “só apareceram depois de o fogo ter abrandado, três horas depois”.
De acordo com Saíde Rafael Mualeia, gerente do complexo Axinene, “foram muitos bens que se estragaram, nomeadamente congeladores, cadeiras, colchões, muito dinheiro e roupa das nossas clientes que são mulheres trabalhadoras de sexo, bebidas e refrescos, incluindo o próprio escritório deste estabelecimento”.
Esta fonte, também, disse acreditar que “o incêndio foi motivado por ódio, porque não faz sentido que depois do incêndio que aconteceu há dias, novamente se volte a registar o mesmo e neste mesmo local”.
Mesmo declinando ser nomeadas, algumas das mulheres que além se entregavam à prática da prostituição aceitaram tecer algumas considerações em torno do incidente, enfatizando que o mesmo lhes empurrou para a desgraça porque era daí que obtinham fonte de sustento e alimentavam sonhos.
“Axinene” é um termo eMacua que pode ter muitos significados: os donos, os próprios naturais, gente da terra, de Wamphula (Nampula), normalmente é usado como um grito de guerra de gente eMacua de todas as idades, mas com maior destaque para os jovens e em todas frentes em que eles estão envolvidos: desportivas, recreativas, culturais e outras. O termo completo é “Axinene Arrivava” ou seja, os donos estão aqui.
(Correio da manhã de Moçambique)