Basta um pouco de suborno e já está

Moçambique é um dos países mais corruptos do mundo e, como povo, sentimos cada vez mais a dor e as consequências desse quadro – da corrupção.

A corrupção está enraizada entre nós até nos detalhes que em algum momento nem é preciso tanto investir. Entregamo-nos, vulgarizamo-nos ao desbarato e com a maior naturalidade.

Porque mesmo para obter Bilhete de Identidade com mais flexibilidade o moçambicano paga para ter um atendimento diferenciado. Mesmo para conseguir um emprego, cobra-se no final um valor “simbólico” a quem facilitou, por vezes, a admissão do candidato numa determinada instituição.

E então, tendo em conta que alguns, por um pouco de suborno aceitam o inaceitável, como é que achamos que podemos mudar as coisas, caros compatriotas?

Estando eu no meio de uma vasta multidão que saiu às ruas ouvi soar um comentário que despertou a minha atenção: “Este país precisa de uma verdadeira revolução. Eis o comentário que se fez soar no meio de uma multidão de cidadãos que contestavam as condições vividas no país.

E a questão que fica é: como faremos a revolução num país onde a maior parte dos jovens pensa com o estômago? Pois, Moçambique faz parte de um dos países mais pobres do mundo. Então, se é um dos mais pobres, a maior parte dos habitantes também é pobre, e logo quando se consegue alguma oportunidade de sair da pobreza, empenhamo-nos para não perder essa oportunidade, por mais que tenhamos de nos submeter a comportamentos desonestos.

Assim como Judas vendeu Jesus por moedas, nós também entregamos o país à pobreza por suborno ou mesmo algumas moedas. Foi assim com o caso das dívidas ocultas e está a ser assim agora neste processo eleitoral.

Nestas eleições autárquicas de 2023, pude perceber a insatisfação do povo com a condição de vida actual, vivida pela maioria dos moçambicanos e pudemos enxergar a esperança de buscar-se uma outra coligação na expectativa de fazer-se diferente na gestão do país de forma melhorada, mas percebi que até aqui o barulho que nós fazemos como povo soa como um sino, que apenas toca e nada mais.

Percebi que no fundo a tão aclamada frase “Povo no poder” não fez muito sentido na realidade. Com estes resultados eleitorais pré-anunciados pelos órgãos eleitorais, no fundo nos fizeram perceber que poder o povo tem.

Na verdade, o povo apenas deseja que o custo de vida melhore e nada mais.

NOÉMIA MENDES

Este artigo foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Redactor, na sua edição de 18 de Outubro de 2023, na rubrica de opinião denominada Geração 2000.

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