Bispo de Pemba comenta
Bispo de Pemba, Fernando Lisboa, capital da província de Cabo Delgado, considera que a situação naquela região do Norte de Moçambique está descontrolada, fruto dos ataques de grupos armados que duram há dois anos.
“Embora algumas vozes teimem em dizer que [a situação] está sob controle, não é verdade. As forças de defesa e segurança estão lá, isso é verdade, mas os ataques continuam e de uma forma violenta”, referiu Fernando Lisboa, citado hoje em comunicado da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), a partir de declarações à Rádio Vaticano.
O bispo acrescentou que tem “visitado as comunidades” e prevê que vá acontecer algo “muito triste”: “Haverá fome em Cabo Delgado porque nas regiões onde estão a acontecer os ataques, as pessoas não estão a fazer mais machambas [hortas], por medo”.
Desde Setembro de 2018 que a Rede de Sistemas de Alerta Antecipado de Fome (FEWS Net, na sigla inglesa) avisa para o risco acrescido de fome na zona, devido à violência.
O plano humanitário das Nações Unidas para Moçambique estima que os ataques já tenham afetado 60 mil pessoas, muitas obrigadas a abandonar os seus locais de residência.
O bispo de Pemba afirma que se está a viver em Cabo Delgado uma situação “muito grave” e que “ninguém sabe” quem são os responsáveis pela onda de violência.
“A verdade é que o inimigo não tem rosto”, referiu.
Apesar da presença das forças de defesa e segurança, “os ataques continuam de uma forma violenta, a queimar casas, a matar inocentes”, atingindo inclusivamente “carros de transporte público, que é uma tristeza muito grande”, disse ainda o prelado.
No último mês, os confrontos concentraram-se na zona de Mbau (algumas vezes referenciada como Nbau) onde a 23 de Setembro houve um ataque reivindicado pelo EI em que morreram 10 pessoas e foram incendiadas várias casas, incluindo a sede do partido Frelimo, partido no poder.
(Correio da manhã de Moçambique)