Lamber feridas

Lamber feridas – Ainda se está em fase preliminar de apuramento dos resultados das mais recentes eleições multipartidárias da curta história de democracia pluralista em Moçambique, mas o bastante para se concluir que a RENAMO, em particular, e os partidos da oposição, no geral, vão averbar uma copiosa derrota.

Pouco importarão os argumentos, já que, de resto, sobre a lisura de todo um processo há muito que se diga. Mas a oposição em geral, e a RENAMO em particular, têm as suas responsabilidades neste desaire e, se pretendem continuar como oposição a ter em conta, terão de fazer uma introspecção séria.

A oposição, no geral, e a RENAMO em particular, tinham tudo para averbar bons resultados neste pleito, não obstante, no caso da “perdiz”, estar a sair de uma situação de perda do seu carismático líder.

Alguns elementos mal aproveitados pela oposição nas eleições recentemente realizadas:

– O partido Frelimo e muitos dos seus quadros superiores, no activo ou não, estão implicados e/ou suspeitos no caso das chamadas dívidas ocultas.

– A corrupção campeia em muitas esferas da sociedade.

– O descontentamento é quase generalizado à escala nacional.

– Os escândalos embaraçosos, alguns de sangue, perseguem alguns dos quadros do partido dos libertadores.

Por demérito próprio, a oposição, no geral, e a RENAMO em particular, não souberam explorar alguns destes elementos e/ou outros, que são aos montes.

A oposição moçambicana continua agarrada a dogmas ultrapassadíssimos.

Com a morte de Afonso Dhlakama, por exemplo, a RENAMO tinha uma excelente oportunidade para rejuvenescer a sua liderança e toda a sua cadeia estrutural, mas nada: agarrou-se aos “generais” e deu no que deu.

Os responsáveis da RENAMO não souberam camuflar, muito menos gerir as desinteligências de alas, e isso foi notório em pleno período de campanha eleitoral.

No MDM, que com o seu surgimento animou alguma esperança, rapidamente surgiram divergências gritantes e não tardaram deserções de quadros aparentemente brilhantes, e o partido ficou como está hoje.

Nesta hora do lamber feridas por parte de praticamente toda a oposição, é momento de abandonar a ambição desmedida, a avareza, o egoísmo e rever os métodos de trabalho para o futuro, incluindo cultivar o espírito de assumir responsabilidades e tomar atitudes.

É incompreensível, nos dias que correm, um responsável da oposição ter uma postura antipática, incluindo para com os fazedores de opinião da praça. Uns parênteses: Dhlakama e Guebuza, o Armando, como humanos, teve e/ou tem defeitos, mas como dirigentes máximos de partidos, tinham a particularidade de serem simpáticos, principalmente para com os vulgos opinion-makers. Haverá poucos jornalistas que em vida o presidente da RENAMO não conhecia pelo nome. Idem para o antecessor de Nyusi, o Filipe. Não eram parvos!

Sem se vulgarizar, um responsável político na/da actualidade deve ser simpático, interagir nas redes sociais, responder a chamadas e por aí em diante. A sensação que fica, quando se é antipático ainda na oposição é: se hoje é assim, como será após ascender ao poder?

É por isso que “jovens”, “malta” Simango, o Daviz, Momade o Ossufo, e Muquissince, o Mário Albino, levaram “tchaia” com o “sexagenário” Nyusi, porque, este, apesar de alguns defeitos naturais em qualquer ser humano, ao menos sabia fazer TPC antes de escalar uma determinada região, para, lá chegado, se comportar como peixe na água.

Tudo bem. A casa desabou ruidosamente. Depois de chorarem sobre o leite derramado, podem, à vontade, lamber as feridas e depois abrir os olhos para o futuro, que esta derrota vergonhosa não significa o fim do mundo.

Apenas pedimos encarecidamente ao não recurso aos tiros e privilegiar todas as estratégias legais possíveis para dar a volta ao texto, porque é possível.

Pode não parecer, mas 2024 está ao virar da esquina e acredito que o partido Frelimo já está a trabalhar nessa perspectiva, e colherá os resultados disso.

Em algum momento até é preferível plagiar o que é bom.

A VITÓRIA PREPARA-SE. A VITÓRIA ORGANIZA-SE!

 REFINALDO CHILENGUE!

Este artigo foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Correio da manhã, na sua edição de 18 de Outubro de 2019, na rubrica semanal TIKU 15 !

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