Biti detido em Harare
O dirigente da oposição zimbabueana, Tendai Biti, foi esta quinta-feira em Harare, capital do Zimbabue, acusado de incitação à violência pública e de declarar resultados eleitorais não-oficiais.
Biti foi detido após ter sido extraditado pela Zâmbia, que lhe negou asilo.
O opositor fugira para a Zâmbia à procura de asilo, algo que lhe foi negado pelas autoridades, e que resultou na entrega às forças de segurança do Zimbabué.
“Vamos continuar a lutar”, disse Biti à entrada do tribunal, em Harare, capital do Zimbabué.
A acusação de incitação à violência pública pode levar a uma pena de prisão até dez anos, enquanto que a declaração de resultados não-oficiais pode resultar em seis meses de prisão.
Foi-lhe concedida uma fiança de cinco mil dólares (cerca de 300 mil meticais), mas Biti deverá entregar o seu Passaporte, apresentar-se às autoridades duas vezes por dia e não participar em comícios políticos.
Numa carta endereçada à polícia do Zimbabué, a advogada de Biti, Beatrice Mtetwa, alega que as forças policiais “sequestraram ilegalmente” o opositor.
A carta, a que a agência Associated Press teve acesso, pede que seja imediatamente devolvido às autoridades de imigração da Zâmbia e, “devido à tradicional tortura a que os detidos são sujeitos no Zimbabué”, pede que uma equipa médica observe Biti antes disso.
Na altura da detenção, o advogado zambiano Gilbert Phiri disse à AP que, ao extraditar Biti antes da audição do seu recurso, a guarda-fronteiriça contrariou uma ordem judicial.
“As autoridades zambianas actuaram desafiando os nossos tribunais, desafiando a lei regional e internacional”, afirmou Phiri.
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Zâmbia justificou a recusa de atribuição de asilo alegando que as razões apresentadas por Biti “não tinham mérito”.
A situação de Biti levou a que várias entidades temessem por uma onda de repressão contra os opositores do Governo, liderado por Emmerson Mnangagwa.
Mnangagwa venceu as eleições presidenciais do dia 30 de Julho com uma ligeira margem, eleições que a oposição considera fraudulentas e que pretendem contestar.
Redacção