Brincar aos USD milhões

Brincar aos milhões de dólares norte-americanosEnquanto os que se dedicam ao rigor contabilístico sustentam que um tostão é tão religiosamente contabilizado como qualquer outra quantia avultada, mas aqui em Moçambique os nossos (des)governantes falam de “milhões de norte-americanos” tão à toa como se estivessem a falar de feijões podres.

Na sexta-feira passada, nesta rubrica, dávamos conta da factura que nos é apresentada como sendo necessária para o encerramento da fatídica lixeira de Hulene: 110 milhões de dólares norte-americanos.

Aparentemente houve um intervalo de lucidez e entendeu-se a exorbitância do montante e fez-se a “correcção”.

Mas como costuma ser, por vezes, a emenda pior que o soneto, vai daí a “queda de uns milhões de dólares norte-americanos”.

Depois de mais uma reunião do Conselho de Ministros, mais uma, foi agitada nova factura: feitas as (novas) contas detalhadas para os microfones, o valor totaliza noventa e nove milhões de dólares norte-americanos.

Todavia, entendeu a porta-voz ser preferível arredondar o valor para 100 milhões de dólares norte-americanos!

Dez milhões de dólares norte-americanos passaram a significar zero dólar e ficamos nos 100 milhões (arredondados) que em bom rigor significa que subtraídos os “verdadeiros” 99 milhões de dólares norte-americanos, ficamos com uma sobra do irrisório” um milhão que valem ZERO USD!. Vejam lá se pode!

Até números de pessoas: das oficialmente 1750 famílias a serem assistidas na sequência da tragédia (de resto muito anunciada, mas que quem de direito achou por bem fazer ouvidos de mercador) há o desplante de falar de “cerca de duas mil famílias”, ou seja, cá entre nós “matar”, “ignorar” ou “aumentar” mais 250 famílias (na média moçambicana 1250 pessoas) no esforço de “angariação de fundos junto da comunidade doadora” tanto faz!

Sinceramente!

Mas com estas incongruências/imprecisões todas, quem levará a sério pessoas ou instituições que tratam mal os números tanto falando em dinheiro como em seres humanos?

REFINALDO CHILENGUE

Este artigo foi publicado em primeira mão na versão PDF do jornal Correio da manhã, edição de 09 de Março de 2018, na rubrica semanal TIKU 15!

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