Capacetes e não perucas

A constante aparição de perucas e unhas caprichadas, no lugar de capacetes e luvas nas mãos, no momento de acudir as vítimas das intempéries que ainda se fazem sentir, em Moçambique, veio, uma vez mais, sublinhar o despreparo e o desalinhamento das nossas “estruturas” quando é para lidar com situações concretas de trabalho efectivo.

É simplesmente escandalosa a forma como quem de direito devia ter prevenido certas situações e respondido em conformidade a outras, salvo a louvável e brilhante atuação de elementos das Forças Armadas de Moçambique e de algumas iniciativas de organizações da Sociedade Civil.

Os que são pagos para prevenir e/ou mitigar os efeitos gravosos das intempéries revelaram um amadorismo impressionante, agravado pelo exibicionismo gratuito, próprio de quem se mexe apenas para factuar ainda mais e aparecer nas câmeras, e não para acudir os aflitos.

É incompreensível que uma instituição vocacionada à prevenção e mitigação dos efeitos de desastres naturais com décadas de existência não tenha, pelo menos, um único meio aéreo e uma frota razoável de embarcações apropriadas para acções de emergência.

No entanto, nos quintais dos responsáveis dessa mesma instituição pululam viaturas topo de gama para eles e para os seus, alguns destes com familiares a estudar em instituições de ensino privadas e/ou no estrangeiro…

Em países com o mínimo de seriedade seriam exigidas explicações sobre muitas destas falhas, mas, cá entre nós, até chovem elogios, ao arrepio de muitas vítimas que não encontra(ra)m socorro e amparo de quem tem isso como dever.

Na Turquia, por exemplo, na esteira do sismo recente – um evento natural como as inundações que flagelam Moçambique – mais de cem empreiteiros suspeitos de negligência na construção de algumas infraestruturas, nomeadamente prédios de habitação foram detidos para se explicarem.

Pessoalmente fiquei escandalizado quando vi imagens dos que deviam ter preventivamente retirado as populações das zonas de risco e criado condições básicas para minimizar o sofrimento das vítimas em salas climatizadas, se refastelando, alegremente, de refeições faustosas, fingindo buscar soluções, enquanto os sinistrados se queixam de comer o pão que o diabo amassou e a servir de petisco de mosquitos.

Por cá os mesmos que empreiteiros que construíram infraestruturas débeis serão, nos próximos dias, “seleccionados” para erguerem novas, de igual qualidade, e o mesmo se repetirá, a seguir a uma outra tragédia.

E a assim a vida continua, nesta que é tida como a “pátria dos heróis”, com debilidades, entre outras, de índole de ordenamento territorial e fragilidades nos sistemas de aviso prévio e preparação das comunidades para enfrentar tragédias.

Pelo menos capacetes e não perucas, em actividades consideradas de emergência!

A MINTHIRU IVULA VULA KUTLHULA MARITO! Os actos valem mais que as palavras!  Digo/escrevo isto porque que ainda creio que, como em anteriores desafios, Moçambique triunfará e permanecerá, eternamente.

REFINALDO CHILENGUE

Este artigo foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Redactor, na sua edição de 17 de Fevereiro de 2023, na rubrica TIKU 15.

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