Carige melhor posicionado

Carige melhor posicionado  – O actual edil da cidade portuária da Beira, Albano Carige, tem vindo a reforçar a possibilidade de suceder a Daviz Simango, que perdeu a vida em Fevereiro deste 2021, na liderança do Movimento Democrático de Moçambique (MDM).

Oficialmente ainda não há qualquer candidatura formal à presidência, mas meios habilitados na cidade da Beira, tida como “coração do MDM” disseram ao jornal Redactor que “Carige será proposto por um grupo de militantes e ele tem todas as condições para suceder a Daviz Simango”.

As posições internas relativamente a possíveis candidatos só deverão ocorrer após a aprovação do perfil do candidato pela Comissão Política do partido, o que deverá ocorrer em Agosto próximo, conforme ficou decidido em Maio passado durante a mais recente reunião do Conselho Nacional do MDM.

Para além de Carige (Redactor N° 6015, págs. 1 e 2), os nomes mais ventilados para concorrer à sucessão de Daviz Simango são do outro Simango, o Lutero, irmão mais velho do falecido líder do MDM, do deputado e académico Silvério Ronguane e do José Domingo Manuel (actual Secretário Geral do partido).

Deputado Lutero Simango

Falume Chabane, editor do jornal O Autarca, sedeado na cidade da Beira, é peremptório no seu palpite e aponta, com firmeza, Carige, nascido no dia 30 de Agosto de 1970 no Chiveve, como a figura com mais hipótese para ser o sucessor de Daviz Simango.

“Tem vinte anos de domínio dos dossiers sensíveis do partido e da cidade da Beira, a capital política do MDM, está a gerir com mestria a autarquia desde que foi apontado para preencher a vacatura aberta com a morte de Daviz Simango, tem o poder económico do partido e está a conquistar corações de muitos munícipes locais”, argumentou Chabane, para defender a sua tese.

Falume Chabane entende que deputado Lutero Simango tem poucas hipóteses porque “não tem relações substanciais com a Beira” e quanto a José Manuel, actual gestor do MDM, afirma que “tudo corre em seu desfavor”.

Outro editor de uma publicação relevante da Beira, que preferiu não ser nomeado, corroborou o pensamento de Chabane e sobre Ronguane, o único “sulista” colocado na equação presidencial do “galo”, comentou que “este é simplesmente para descartar. Ronguane é um PhD, mas politicamente, ao ponto de presidir o MDM, não tem hipóteses”.

Contra Lutero Simango concorre contra si a ala de críticos que atribuem as perdas do MDM à conotação entre o partido e a família Simango. “Se Lutero insistir em concorrer estará a dar razão a vozes que acusam o MDM de um partido dinástico. Ele deve evitar isso”, sugeriu, também, este jornalista sênior que preferiu o anonimato.

O Redactor tentou sem sucesso ouvir Carige e Simango, os mais referenciados pelas nossas fontes, porque ambos foram esquivos aos nossos esforços.

Por causa deste alegado condão “dinástico” do MDM em algum momento este partido perdeu quadros mediáticos – quase todos regressaram à RENAMO – incluindo Manuel Araújo, Venâncio Mondlane, Geraldo Carvalho, Linette Olofsson e Mahamudo Amurane, este assassinado no dia 04 de Outubro de 2017, em Nampula.

Outras pessoas abordadas pelo Redactor comentaram com alguma galhofa quando indagadas sobre as hipóteses de Carige e/ou Simango estar à altura de enfrentar um candidato do partido Frelimo à Presidência da República de Moçambique.

“Nem Carige nem Simango e nem mesmo Ossufo Momade (líder da RENAMO) estarão à altura de concorrer, de facto, para suplantar um candidato do partido Frelimo. Como sempre, vão acompanhar o folclore, mas é sabido que o candidato do partido Frelimo será sempre o Presidente da República”, disse, por exemplo, Falume Chabane.

Falecido Daviz Mbepo Simango

O MDM antecipou a data da realização do seu III Congresso em um ano, devendo acontecer entre os dias 03 e 05 de Dezembro deste 2021, basicamente para escolher um novo presidente e restantes órgãos sociais do partido.
Em Maputo há quem diga que actualmente o MDM, terceiro maior partido político de Moçambique, está melhor posicionado que a RENAMO (segundo), ante a “frouxa” liderança de Ossufo Momade, que alegadamente se terá “rendido” ao partido Frelimo e seu Governo, alegação sustentada pelo facto de este ter aceite um conjunto de regalias que o malogrado Afonso Dhlakama teria rejeitado, para ser manter “livre” de eventuais pressões.

Entendidos consideram que o MDM tem sabido explorar politicamente os temas mais candentes do país, designadamente os horrores que há três anos e meio têm sido semeados pelos bandidos armados em Cabo Delgado e o conflito, actualmente de baixa intensidade, entre as tropas do Governo e uma ala dissidente da RENAMO agrupada numa auto-proclamada, Junta Militar, grupo este que contesta os sucessivos acordos entre o regime e Ossufo Momade.

Inclusivamente, a Junta Militar da RENAMO, liderada pelo major-general Mariano Nhongo, que no dia 16 deste Junho fez 54 anos de idade, julgou, à revelia, Ossufo Momade, naquilo que apelidou de Tribunal Militar da RENAMO, sob a acusação de “alta traição” aos desígnios traçados por Afonso Dhlakama. (Carige melhor posicionado)

REFINALDO CHILENGUE

Este artigo foi publicado em primeira mão na edição em PDF do jornal Redactor do dia 18 de Junho de 2021.

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