Cientistas defendem estratégias

Cientistas defendem estratégias – Especialistas sobre questões ligadas ao tabaco voltaram a lançar um apelo para que todos os países do mundo adoptem políticas claras visando a promoção da saúde e combater os malefícios resultantes do consumo de cigarros.

Numa conferência realizada no dia 27 de Outubro, três especialistas reiteraram a necessidade de promoção de produtos de redução dos danos causados pelo consumo do tabaco de queima, afirmando que só assim se pode salvar vidas humanas, em vez de apostas em mensagens dogmáticas, mas que não tomam em conta a realidade.

O último relatório produzido pela Knowledg Action Change (KAC), uma organização sedeada no Reino Unido, diz que apesar de todos os esforços visando impor medidas para o controlo do consumo do tabaco, há pelo menos um bilião e um milhão de fumadores em todo o mundo, que continuam a pôr em perigo as suas próprias vidas, recorrendo a hábitos prejudiciais tais como o uso do cigarro.

Para estes especialistas, o ideal seria que todos os fumadores abandonassem o vício. Contudo, eles alertam que o mundo precisa de reconhecer que haverá aqueles que não conseguirão abandonarão o vício, sendo que para esses é preciso colocar à sua disposição produtos que permitem que continuem a satisfazer as suas necessidades, mas em condições menos perigosas.

Os debates da conferência giraram em torno do último relatório da KAC, intitulado, “A última Guerra: A OMS e o Sistema Internacional de Consumo do Tabaco”.

Ethan Nadelman, fundador da Drug Policy Alliance (DPA)

Intervindo na conferência, Ethan Nadelman, fundador da Drug Policy Alliance (DPA), disse que a luta contra o consumo do tabaco deve ser feita de uma forma racional, evitando dogmas que possam causar mais danos do que o próprio consumo.

Nessa perspectiva, disse ele, e tomando em conta que haverá sempre consumidores, é importante trabalhar com as empresas de tabaco, encorajando-as a desenvolver produtos de risco modificado, capazes de funcionar como alternativa ao consumo do tabaco queimado.

“Não estou a ver o mundo a passar para uma sociedade livre da nicotina”, disse Nadelman. “Portanto, o desafio é sabermos como viver com o tabaco, mas de uma forma que cause menos danos à saúde”.

Acrescentou que tentativas para o banimento de produtos de risco modificado de tabaco só poderá conduzir à proliferação de um mercado negro destes produtos, o que pode ser ainda mais prejudicial.

“O grande elefante na sala, os maiores obstáculos a métodos de menor risco do consumo de tabaco são aqueles que acreditam que a nicotina é mais perigosa do que ela realmente é”, disse Nadelman. “Há muita desinformação, e sem base na ciência”.

Nadelman acrescentou que “se os que dominam a narrativa global sobre o controlo do tabaco estivessem verdadeiramente comprometidos com os imperativos da saúde pública, os princípios e políticas para a redução dos danos (do tabaco) estariam no centro das suas atenções”.

Com sede na cidade de Nova Iorque, nos Estados Unidos, a DPA é uma organização que defende métodos mais eficazes de combate ao consumo de drogas, incluindo o uso da marijuana para fins científicos e medicinais.

Gerry Stimson, cientista em Saúde Pública e Professor Emérito do Imperial College

Nataliya Toropova, da Ucrânia, debruçando-se sobre o consumo indevido do tabaco nos territórios da antiga União Soviética, apontou que oito milhões de pessoas morrem anualmente em todo o mundo devido a doenças relacionadas com o consumo do cigarro, e que a prioridade deve ser de evitar que mais pessoas morram pela mesma razão.

Acrescentou que a maioria dos fumadores gostaria de deixar de fumar, mas que não têm a opção de aceder a produtos alternativos e menos nocivos.

“Isso significa que devemos insistir em alternativas mais seguras para os que pretendem deixar de fumar”, disse. “Se quisermos atacar doenças graves como os acidentes cardiovasculares, temos de ajudar os fumadores a terem acesso a alternativas”.

Acrescentou que ataques cardiovasculares resultantes do consumo de cigarros representam o factor número um do risco de doenças não comunicáveis.

Toropova disse que o desafio para os países de baixo e médio rendimento tem a ver com duas questões fundamentais.

A primeira, disse ela, “é que as actuais disposições da Convenção Quadro da Organização Mundial da Saúde (OMS) para o Controlo do Tabaco não têm sido devidamente implementadas devido à escassez de recursos”.

Acrescentou que como tal, não existem programas para ajudar os fumadores a pararem de fumar, o que os leva sentirem-se “desesperadamente presos nos seus numerosos esforços para abandonar o vício sem apoio médico”.

A segunda questão, disse Toropova, “é que a falta de uma estratégia mais ampla de redução de danos é agravada por uma massiva campanha de desinformação sobre os produtos de mitigação e uma guerra declarada contra a nicotina”.

Gerry Stimson é um cientista em Saúde Pública e Professor Emérito do Imperial College, de Londres.

A sua intervenção subordinou-se ao tema “As lições e o futuro da Redução dos Danos do Tabaco”. Stimson defende que é necessário fazer uma transição de uma guerra ideológica em relação ao tabaco, para uma luta que se inspira na ciência, onde a regulação deve desempenhar um papel de relevo.

“O problema é a queima do tabaco e a inalação de alcatrão e gases”, disse Stimson. “Metade dos fumadores podem morrer prematuramente de doenças relacionadas com o fumo… O primeiro facto importante é que é o fumo o que mata, não a nicotina. Segundo, produtos de menor risco com nicotina são apenas isso; várias vezes mais seguros que a queima do tabaco. Em terceiro lugar, a evidência de muitos países mostra que os fumadores abandonam rapidamente o cigarro quando produtos de menor risco com nicotina se tornam disponíveis a preços acessíveis e são aceitáveis. Em quarto lugar, é que os países que abraçaram e aceitaram produtos de menor risco testemunharam uma rápida queda no número de fumadores”.

Stimson disse ainda que a luta pela redução dos danos provocados pelo consumo de cigarros deve ter em conta também o facto de que há países cuja economias e a sobrevivência de milhões de camponeses dependem da produção do tabaco, salientando que a ideologia do banimento total do consumo do tabaco poderá ser o principal factor para a pobreza.

O relatório da KAC aponta que existe evidência científica global para provar que produtos mais seguros de nicotina são uma melhor alternativa ao cigarro, e que muitos fumadores podem deixar de fumar, recorrendo a terapias de substituição da nicotina.

O relatório observa, também, que para os que não querem libertar-se da nicotina, podem substituir o cigarro com produtos de menor risco com nicotina, e que causam menos danos à saúde.

O autor do relatório, Harry Shapiro, diz que a luta para reduzir o número de pessoas que morrem de doenças relacionadas com o fumo do tabaco está agora, e de forma activa, a ser posta em causa pelas forças internacionais do controlo do tabaco.

“Em conjunto, elas estão a travar a última guerra contra a indústria do tabaco – para desviar as atenções da evidência que mostra que produtos de menor risco com nicotina podem contribuir, de forma significativa, para a redução do número de mortes”, acrescentou Shapiro. (Cientistas defendem estratégias)

Philip Morris International

Este artigo intitulado “Cientistas defendem estratégias mais eficazes de controlo do tabaco” foi publicado em primeira mão na edição em PDF do jornal Redactor do dia 12 de Novembro de 2021.

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