Conquistar corações
Conquistar corações – Contrariamente aos precipitados, que optam pela musculatura, conquistar corações é opção dos ponderados que, infelizmente, parece uma espécie em vias de extinção, principalmente na turma dos políticos.
Sintomaticamente, a precipitação e a ponderação são faces da mesma moeda, sendo a primeira, por aparentemente ser a mais rápida, opção dos imprudentes e a segunda (supostamente lenta/demora) preferida pelos perspicazes.
Recorrentemente, neste espaço critico as precipitações a que tenho assistido ao longo dos tempos, por sempre se provar ser caminho fatídico e prejudicial para muitos.
Geralmente, os precipitados espantam a caça, enquanto os ponderados preferem ficar uma “eternidade”, até aparentando fraqueza, mas com um foco bem definido, e por isso infalível. Este sabe contornar o vento e jamais contra ele luta.
Em algum momento, algures, fui assistir a um “filme”, no qual, após anos de uma penosa disputa opondo forças da “lei e ordem” e “bandidos”, aquelas lograram “encurralar” o “cabecilha” dos “bandidos”.
Vendo-se numa situação “de entre a espada e a espada” (não há nenhum equívoco aqui, é mesmo entre a espada e a espada porque se for entre a espada e a parede pode haver opção diferente), o “bandido-mor”, que sempre jurou que nunca seria desarmado, preferiu entregar todo o seu arsenal bélico e assistir, impotente, alguns dos seus seguidores a ser brutalmente humilhados, cena alegre e amplamente festejada pelos seus perseguidores.
Mas, com muita paciência, um dia o “bandido-chefe” logrou escapulir, e, de novo, enfrentou os seus perseguidores, até à morte, reza a história, que por causas naturais.
Os adversários do “bandido”, no lugar de tentar ganhar os corações os sequazes do finado, com actos, optaram por forçar o seu rápido desarmamento.
Obviamente ainda desnorteados com o desaparecimento físico do seu chefe, os “bandidos residuais” cederam (?) ao (roteiro do) desarmamento, mas não tardaram humilhações aos seguidores dos desarmados e àqueles que um dia manifestaram simpatia por eles.
Aconteceu um corte de energia eléctrica na sala de cinema e até hoje não sei como termina o “filme”.
À saída do cinema fui pensando cá para os meus botões que parece haver gente que não aprende com a história.
Já no “chapa”, a caminho ao meu Chamanculo (onde nasci e vivo até hoje), mesmo naquele barulho ensurdecedor característico naquele tipo de meio de transporte, parecia estar a ouvir o meu falecido avô (que Deus o tenha), me dizendo qualquer coisa como “vivemos na era do relacionamento, onde vencerá aquele que possuir carisma, confiança e credibilidade para com os seus semelhantes”.
Confesso que me intriga a brutalidade (física, psicológica e moral) do homem pelo homem que tenho assistido diariamente na chamada “pátria de heróis”!
Espero não me arrepender ou transtornar os que me prezam, já que um grande pensador um dia alertou: imprudente é tentar corrigir um tolo porque ele te irá odiar. Melhor tentar corrigir um sábio porque ele te agradecerá!
REFINALDO CHILENGUE
Este artigo foi publicado em primeira mão na versão PDF do jornal Correio da manhã, edição de 24 de Agosto de 2018 na rubrica semanal TIKU 15! Caso esteja interessado em receber regularmente a versão PDF do jornal Correio da manhã manifeste esse desejo através de um correio electrónico para corrreiodamanha@tvcabo.co.mz, correiodamanhamoz@tvcabo.co.mz, ou geral@correiodamanhamoz.com.
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