Conselhos tardios

Ainda na ressaca do VII Congresso da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), o combativo e brilhante autarca de Quelimane, Manuel de Araújo (Redactor N.° 6017, págs. 1, 2 e 3), fez comentários sobre o antes, durante e a sua visão sobre o futuro da “perdiz”, depois daquela reunião magna dos órfãos políticos de André Matsangaissa e Afonso Dhlakama.

Foi citado pela Rádio Moçambique, a partir da Tanzânia, a fazer as suas observações sobre a forma assumida pelo seu colega do partido Venâncio Mondlane.

Aparentemente conformado com o desfecho do conclave da “perdiz” realizado entre os dias 15 e 17 deste Maio, em Alto Molócuè, Araújo, num discurso muito cuidado, censurou a metodologia escolhida por Mondlane para atingir os seus objectivos: liderar a Renamo.

“Pessoalmente era um admirador de Mondlane, mas deixei de o ser quando notei que parecia um homem que trabalhava para [ele] dar nas vistas e não os resultados do seu trabalho.

Fiquei pasmado, por exemplo, quando um dia reclamou de estar num ‘lugar invisível’ na Assembleia da República, evidenciando, desta forma, na minha modesta opinião, que para ele o mais importante era ser visto, em vez de se esforçar para que o mais visível sejam os resultados do seu empenhamento político.

Depois foi aquela correria na tentativa de judicialização da política, mesmo entendendo a legalidade da iniciativa. É porque há que respeitar etapas e os pares em tudo o que é organização, para não se cair no ridículo”.

Apesar do impressionante arcabouço que carrega, Mondlane, o Venâncio, corre o risco de perder credibilidade no seio dos mais atentos e menos frenéticos, ainda mais a avaliar pelo seu histórico político recente nos dois principais partidos moçambicanos na oposição. Parece muito impaciente quando se trata de lograr objectivos, o que lhe pode ser politicamente fatal.

Sem estar a fazer uma citação ipsis verbis, Manuel de Araújo apelou a Mondlane a ter “calma e paciência ao lidar com partidos com gênese militar”.

Tomara este alerta tivesse sido feito antes daquela aparição pública de ambos na semana passada em Quelimane.

Não se pode animar aquele cônjuge que, no auge de uma briga de casal com aparente iminência de quebra do laço matrimonial dê, claramente, sinais de que “se não queres continuar comigo não serás de mais ninguém”, ou, por outras palavras, “comigo ou morrerás”.

Também é bem-feito para a Renamo. Até a mais minúscula empresa minimamente organizada quando alguém quer nela ingressar lhe é exigido o respectivo CV para apreciação e aprovação ou rejeição, conforme o perfil e os TOR dessa mesma companhia.

Em ambientes decentes tolera-se alguém se divorciar ou separar numa relação, mas, a partir do momento em que rompe numa segunda ou mais, começa-se a questionar a parte que está a pular de lar em lar…

Sempre achei a opção por Momade, o Ossufo, para líder da Renamo após o passamento de Dhlakama, um erro de casting.  Sem querer aqui julgar a lisura do processo de preparação e realização do Congresso da semana passada em Molócuè, espantosamente, o sexagenário general voltou a vencer, folgadamente, diga-se, a (re)eleição à presidência do partido.

Como diz Manuel de Araújo, há que, com calma, fazer ver a certas pessoas que podem e devem ser substituídas e, se se agarram ao posto por causa de certas mordomias, ser-lhes-ão garantidas de outras formas, desde que permitam que se organize este Moçambique. Subscrevo esta tese.

Moçambique e os moçambicanos merecem melhor e isso é urgente!

Com pena de estar equivocado, ainda acredito que a Renamo ainda pode ter futuro e representar alguma esperança para muitos moçambicanos, bastando, para tal, resolver alguns pendentes internos: reformas estruturais profundas internas.

O certo é que, a curto prazo, a Renamo vai fazer uma travessia do deserto e, aparentemente, nas eleições de 9 de Outubro próximo nem será necessária qualquer “engenharia eleitoral”, por isso Chapo, o Daniel, pode mesmo mandar preparar a indumentária para a tomada de posse e o Protocolo do Estado pode já organizar a cerimónia, com nomes e tudo.

A MINTHIRU IVULA VULA KUTLHULA MARITO! Os actos valem mais que as palavras! Digo/escrevo isto porque ainda creio que, como em anteriores desafios, Moçambique triunfará e permanecerá, eternamente.

REFINALDO CHILENGUE

Este artigo foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Redactor, na sua edição de 20 de Maio de 2024, na rubrica TIKU 15.

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