Contracetivos nas escolas

O Governo moçambicano pretende que todas as escolas secundárias do país disponibilizem contracetivos até 2021, como medida de prevenção de gravidez indesejada e promoção do planeamento familiar, disse hoje à Lusa o Ministério da Saúde de Moçambique.

“Gostaríamos de, até ao final de 2021, termos entre 90% e 100% das escolas secundárias a oferecerem estes serviços de contraceção”, afirmou a chefe do Departamento de Saúde da Mulher e Criança no Ministério da Saúde, Páscoa Wate.

Sem se referir ao tipo de contracetivos que serão colocados à disposição das alunas das escolas secundárias moçambicanas, a chefe do Departamento de Saúde assinalou que a mensagem principal será sobre a importância da abstinência, sendo o recurso aos contracetivos uma medida de último caso.

“A mensagem é abstinência, abstinência e abstinência, mas em caso de não haver essa abstinência, estarão disponíveis métodos para evitar que fiquem grávidas muito cedo”, declarou.

Tal como acontece com as campanhas de distribuição do preservativo, vistas por algumas correntes como um estímulo à prática sexual, a disseminação do uso de contracetivos nas escolas pode ser mal vista, mas valerá a pena pelos resultados, assinalou Páscoa Wate.

“Uma das coisas que temos de começar a ver é como vamos trabalhar com os pais, encarregados de educação e educadores, porque os nossos adolescentes e jovens têm acesso a informação, mas não conseguem filtrá-la”, afirmou Páscoa Wate.

Wate declarou que é necessário desmistificar a ideia de que o planeamento familiar diz respeito apenas às mulheres, mobilizando os homens para esta problemática.

“Os rapazes devem entender que, se tiverem filhos muito cedo, serão obrigados a deixar a escola para cuidar do filho, comprometendo o seu futuro”, ressalvou a chefe do Departamento de Saúde da Mulher e Criança.

Em entrevista à Lusa, Páscoa Wate apontou um inquérito de 2015, que refere que, em Moçambique, apenas 25,3% de mulheres em idade fértil, na faixa entre os 15 e os 49 anos, usaram um método contracetivo num período daquele ano, em comparação com taxas acima de 70% usados nos países mais ricos.

Os meios que, tal como os anteriores, podem ser motivos de polémica

Páscoa Wate afirmou que a exclusão da maioria das mulheres moçambicanas dos métodos de contraceção modernos deve-se a uma multiplicidade de factores, incluindo a insuficiente cobertura dos serviços de saúde e razões socioculturais.

“A nossa rede sanitária, de facto, ainda não cobre a população no que era desejável, há quem tem de andar quatro a cinco horas, para chegar a um posto de saúde”, declarou a chefe do Departamento de Saúde da Mulher e Criança no Ministério da Saúde.

A chefe do Departamento de Saúde da Mulher e Criança assinalou que o país quer que 35% de mulheres em idade fértil recorram a contraceptivos até 2020, como forma de intensificar a adesão ao planeamento familiar.

“O sucesso nos programas de planeamento familiar é crucial para o controlo da natalidade e da pressão demográfica no país”, destacou Páscoa Wate.

Redacção

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