Corpos de moçambicanos
Corpos de moçambicanos constam entre os restos mortais dos mais de mil corpos abandonados em diversas morgues da província sul-africana de Gauteng, da qual fazem parte as cidades de Joanesburgo e Pretória, na vizinha República da África do Sul.
Segundo a informação revelada por escrito pela Directora provincial da Saúde de Gauteng, Bandile Masuku, 1.117 cadáveres dos 17940 corpos registados em 10 morgues no ano fiscal 2018/2019 não estão identificados e continuam por reclamar.
A informação foi prestada na Assembleia Provincial de Gauteng, a pedido da bancada da Aliança Democrática (AD), maior partido da oposição no país vizinho.
Dirigindo-se àquele órgão esta semana, Bandile Masuku disse que 18 corpos foram identificados, mas ainda não foram reclamados por familiares dos finados.
A Directora provincial considera que a situação atingiu dimensões de “tragédia humana” merecendo maior atenção.
O maior número de corpos não identificados está nas morgues da cidade de Joanesburgo onde existem 360 cadáveres seguido de Germiston com 115, Roodeport 107, Diekloof 106 e Springs com 105.
A criminalidade e acidentes rodoviários são apontados como sendo as principais causas das mortes violentas na África do Sul, sendo que muitos dos familiares dos finados ficam sem informação do paradeiro dos seus entes queridos, que acabam sendo sepultados sem identificação, em valas comuns.
O jornal Correio da manhã apurou que há moçambicanos que também morreram em circunstâncias similares na África do Sul e os seus corpos não são identificados e/ou reclamados pelos respectivos familiares.
A nossa Reportagem acompanhou, em 2018, ao funeral de um moçambicano num cemitério de Natalspruit, leste de Joanesburgo, depois de goradas todas as tentativas de localizar familiares na África do Sul e em Moçambique.
Amigos do finado juntaram dinheiro e realizaram funeral com apoio de uma igreja local.
Várias vezes o correspondente do jornal Correio da manhã na África do Sul foi contactado para ajudar a localizar familiares em Moçambique de moçambicanos mortos e/ou doentes.
A direcção provincial de Gauteng diz que está em curso o desenvolvimento de sistema de Internet para disseminar informação relativa a existência de corpos não identificados nas morgues.
De um modo geral as autoridades sanitárias da África do Sul ainda reservam alguma consideração a corpos de falecidos e apenas as levam para a vala comum em caso de fracasso de apuradas diligencias para a localização dos respectivos familiares.
THANGANI WA TIYANI, CORRESPONDENTE NA ÁFRICA DO SUL