Credibilidade conquista-se

 

Bem-aventurado o ventre que gerou aquele que sabiamente concebeu o título da Hino nacional de Moçambique: Pátria Amada!

Efectivamente, Moçambique é uma Pátria Amada, não apenas pelos seus filhos, mas, também, por muitos daqueles que um dia nela estiveram ou simplesmente dela ouviram falar.

Exemplos disso são aos montes, mas vamos nos deter no exemplo mais recente que evidencia o que aqui estamos a afirmar.

Quis o destino que algumas regiões deste Moçambique fossem brutalmente fustigadas por aquilo que ficará registado nos anais da nossa história como o até agora mais devastador ciclone, o já tristemente conhecido IDAI.

Os desastres naturais são, como o nome diz, NATURAIS, portanto, INEVITÁVEIS, todavia, os seus efeitos podem e DEVEM ser mitigados.

Infelizmente, cá entre nós acções preventivas não abundam na nossa cultura, dando-se mais primazia as acções reactivas e muito teatrais.

Aliado a isso, pelo meio campeia o oportunismo de muitos, que não raras vezes se beneficiam do sofrimento de muitos para se enriquecerem.

As coisas são tão gritantes que muitos dos afectados rapidamente preferiram abandonar os chamados “centros de acomodação” criados pelas autoridades para regressar aos locais de proveniência para, como os próprios (parcos) meios, procurar algo para assegurar a sua sobrevivência, que é ambição de qualquer ser vivo.

Circulam imagens em muitos meios de comunicação social exibindo afectados pelo IDAI buscado o que para alguns já é lixo para reorganizar os seus pobres abrigos, mesmo ante relatos de abundantes donativos de dentro e de fora de Moçambique.

Muito triste!

 

Porque sou pobre em lábia limitar-me-ei a citar três exemplos, baseando-me no que li em alguns periódicos nacionais e estrangeiros, ao longo desta semana:

1 – Autarca da Beira acusa Governo moçambicano de não canalizar a ajuda internacional para a cidade afectada pelo ciclone Idai

[…] Daviz Simango diz que o Governo apela à ajuda internacional em nome da Beira e depois não canaliza nada para a cidade (…)

Muita da ajuda é apelada em nome da Beira, a maior parte da população da província de Sofala vive aqui, a maioria da população das áreas afectadas está aqui, a Beira é a área mais afectada, devia haver mais apoio à cidade. – Extractos retirados do jornal português Público

 

2 – ONGs dizem que burocracia moçambicana está a atrasar a entrega de ajuda humanitária

Há ajuda humanitária parada em Moçambique devido a uma resposta demorada das autoridades. ONGs na Beira falam de “incapacidade de gestão” (Observador, de Portugal)

 

3 – Um dos grandes problemas que enfrentamos neste país é a má gestão da coisa pública e não só (…)

[…] O que se sabe é que por exemplo, durante a guerra de dezasseis anos, alguns cidadãos, sobretudo dirigentes oportunistas e sem escrúpulos, chegaram a ser detidos, julgados e condenados, por envolvimento no desvio de produtos de emergência (…).

Mouzinho de Albuquerque, in jornal Notícias de Moçambique.

 

Perante estas inquietações todas, de pessoas e/ou entidades que talvez nem se conhecem, não seria de bom tom considerar que elas são “mal-intencionadas”. Apenas se baseiam em factos acumulados.

Gostaria de alertar a quem acha isto tudo como obra de pessoas e/ou entidades “mal-intencionadas” para que talvez a rotule de “traumatizadas” pelo que sabem/viveram, porque, como se costuma dizer:  credibilidade conquista-se.

Mesmo depois de conquistada, ela deve ser consolidada, porque uma vez quebrada, ela é como os cacos de porcelana, jamais voltam a ter o formato original.

Por isto e por outras volto a repetir: credibilidade conquista-se, não se exige!

REFINALDO CHILENGUE

Este artigo foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Correio da manhã, na sua edição de 29 de Março de 2019, na rubrica semanal denominada TIKU 15 !

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