Cultura, leitura, protagonismo

Hoje proponho-me a falar brevemente destes três elementos, que nos dias que correm caracterizam muitos, entre nós – Cultura, leitura, protagonismo e ridículo.

A (fobia/défice do hábito de) cultura – digamos, em linhas gerais, conhecimento –, que caracteriza muitos, incluindo  “doutores” e até supostos “docentes universitários” que em banal conversa fica mais que transparente que “são brilhantes estrelas” quando calados.

A (fobia/défice do há de) leitura é o que “está a bater” entre muitos, incluindo “excelências”, para não falar das chamadas “figuras públicas” cá do burgo.

Terá sido por isso que algumas personagens, com toda a tranquilidade e ar monumentalmente ufano deste planeta, disseram, na praça pública, não terem (ainda) lido um badalado documento na actualidade moçambicana que a todos toca, de certa forma do qual são (as tais personagens) protagonistas (não disse culpados) principais.

Até parece aquela de se estrear um filme e um repórter perguntar aos protagonistas principais algo sobre o mesmo e eles responderem que ainda não o assistiram. Até pode parecer um gozo, não acham?

Em sociedades não doentes, por exemplo, há jornais diários, semanários e revistas de leitura quase obrigatória numa determinada família/empresa/instituição. Quais são os seus periódicos de referência aí, senhor ministro/PCA/director/chefe de sector/dona …? Ou são todos uma nulidade, salvo as suas inseparáveis e imprescindíveis “redes sociais” onde se destaca no consumo e partilha de banalidades, incluindo obscenidades e  pornografia?

O excesso de protagonismo de muitos, que mesmo com clamorosa fobia/défice de cultura e de leitura, a todo o custo o buscam (protagonismo) em tudo o que é meio de comunicação social. É nos canais de tv, é nas rádios (jornais não é possível, porque neles não é para quem quer. Aqui é preciso, no mínimo, saber escrever correctamente) e, hoje, com as chamadas “redes sociais” então… comentam e partilham tudo mais alguma coisa, desde desporto, política, cultura até física nuclear. São “(anal)listas”. Tudo, para dar nas vistas!

Até em momentos em que não é forçoso “aparecer” lá estão eles, a explicar/comentar o que não sabem!

Farto de baboseiras de muitos humanos, há dias, um colega editor de um semanário fez um desabafo, afirmando, na rede social WhatsApp, não ver a hora da ida à reforma (para passar mais tempo com animais irracionais, dizia ele), quando atingir os 60 anos de idade. Nem mais, porque falou de 60 anos de idade, lá “choveram” “felicitações pelo aniversário”. O pobre do meu amigo e colega lá teve de voltar ao teclado para dizer que não celebrava aniversárioalgum e tentava se explicar, de novo. Mas, boçais/casmurros que são boçais/casmurros…

Quantas vezes muitos comentam, na rede social (Facebook) textos que apenas leram “na diagonal” o respectivo título? e partilham, alegremente, nesta rede e no WhatsApp conteúdos que não digeriram, caindo no ridículo!!!

Claro, na falta/défice dois primeiros itens e o excesso do terceiro precipitam muitos ao ridículo, mas como muitos nasceram quando a vergonha estava de férias, nem se importam.

Volto na próxima sexta-feira, se Deus quiser.

Óptimo fim-de-semana e votos de boa leitura, irmãos, porque isso ajuda, e muito!

REFINALDO CHILENGUE

Este artigo foi publicado em primeira mão na versão PDF  do jornal Correio da manhã  no dia 28 de Junho de 2017, na rubrica semanal intitulada TIKU 15

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