“Desaire” dos Mambas

Definitivamente caíram as mascaradas do seleccionador nacional, Abel Xavier e do executivo da Federação Moçambicana de futebol (FMF) liderado por Alberto Simango Júnior, após o afastamento precoce e o consequente “desaire” dos Mambas esta semana, no torneio regional da COSAFA, em Durban, África do Sul.

Inserido no grupo B com Namíbia, Malawi e Seychelles, os Mambas conseguiram apensas dois pontos, resultantes de um par de empates e uma derrota.

Depois de ter perdido todas as campanhas de qualificação, em todos os escalões, quer regionais, quer continentais, desde a sua entrada, em Janeiro de 2016, o seleccionador nacional, com aval da FMF, quis redimir-se da pálida imagem dos Mambas com sonho de conquistar o Cosafa-2019.

Para o efeito chamou todo o “arsenal”, com destaque para os “estrangeiros”, aproveitando o fim da maioria das ligas europeias.

O torneio Cosafa era visto, no seio da FMF, como a última ocasião para o futebol reconquistar o público e dar nova imagem ao órgão gestor da bola indígena, através da selecção nacional de futebol.

Na véspera da viagem a Durban vieram à superfície os primeiros sinais da crise dos Mambas, através de “negas” que resultaram em ausências de vulto no primeiro dia de preparação, algumas justificadas e outras não, numa clara indicação de viragem às costas ao combinado nacional pelos próprios actores.

Alberto Simango Júnior e Abel Xavier em apuros

Sentindo-se isolado, Abel Xavier pediu, de “joelhos”, a união de todos, em nome da nação, e foi-lhe cedido os jogadores internos em falta, nomeadamente do Costa do Sol.

Todavia, seria no palco da competição que cairia a nódoa no falso pano branco, quando, na primeira partida, os Mambas perderam com a Namíbia por 2-1, o mesmo adversário que na fase de qualificação para o CAN’2019 tirou seis pontos, com vitórias em Maputo e em Windhoek.

Com esta derrota, os Mambas saíram psicologicamente dos eixos, sem foco para encarar os dois jogos seguintes; prova disso, no jogo a seguir consentiram um empate (0-0) diante da modesta Seychelles e na última ronda assumiram que apenas far-se-iam ao campo só para cumprir o calendário porque estava tudo perdido. Assim, o jogo com Malawi saldou-se num novo empate (1-1).

Referir que o seleccionador assumiu o comando dos Mambas em Janeiro de 2016, tendo dirigido o seu primeiro jogo a 25 de Março do mesmo ano contra Gana, em Acra (derrota, 3-1). Moçambique estava inserido no grupo-H de Qualificação para CAN-2017, com Gana, Ruanda e Maurícias.

Moçambique terminou em segundo lugar com sete pontos sem possibilidades de seguir para fase final.

No balanço do seu exercício, em 2016 Abel Xavier fez nove jogos e ganhou dois; 2017 seis jogos duas vitórias; 2018 três jogos duas vitórias e 2019, seis jogos duas vitórias.

Perdeu todas as campanhas: CAN (2017 e 2019), CHAN (2018), Sub-23 (Olimpíadas 2020), Sub-20 (mundial), Sub-17 (mundial) e a futebol feminino (olimpíadas 2020).

Algumas consequências do “desaire”

Uma das consequências deste descalabro dos Mambas é o desaproveitamento da imagem do futebol para diversos fins nomeadamente, políticos, marketing e patrocínios.

Igualmente entra em jogo o futuro do actual presidente da FMF relativamente às próximas eleições, visto que o mandato de Simango termina em Agosto.

Simango admitiu ter havido sabotagem no Cosafa, sem, contudo, indicar os autores.

O “desaire” fica ligado ao incumprimento do apoio a Divisão de Honra, uma das promessas “pomposas” que o ajudaram a ascender a cadeira da FMF.

DENILSON JÚNIOR

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