Desarmado chefe do EMG

Desarmado  – Timóteo Maquinze Bote Nhate, um dos mais temidos, senão mesmo o mais temido comandante da guerrilha da RENAMO, foi desarmado e desmobilizado, oficialmente, com outros oito oficiais da guerrilha da “perdiz”, na cidade portuária da Beira, capital da província central moçambicana de Sofala.

O acto foi testemunhado pelo líder da “perdiz”, Ossufo Momade e por membros do Governo provincial de Sofala e representantes da Organização das Nações Unidas e da RENAMO na Comissão dos Assuntos Militares no processo de DDR – Desarmamento, Desmobilização e Reintegração.

Na ocasião, Ossufo Momade teceu rasgados elogios ao “General do Exercício Timóteo Maquinze Bote Nhate, Maquinze, um dos combatentes pela democracia desde a primeira hora”, referindo que o acto representa a concretização dos “entendimentos alcançados nas negociações iniciadas em Maio de 2016, pelo saudoso Presidente Afonso Macho Marceta Dhlakama” com o Governo da Frelimo.

“Por isso, queremos de viva voz manifestar os nossos agradecimentos a todos que de forma directa ou indirecta têm impulsionado e acarinhado este processo de Desmobilização, Desarmamento e Reintegração Social dos nossos combatentes”, salientou Momade, sob olhar atento da Secretária de Estado na Província de Sofala, Stella da Graça Pinto Novo Zeca.

Para Ossufo Momade, Maquinze foi uma referência incontornável na luta dos 16 anos (1976/1992), por ter “percorrido Moçambique inteiro, de arma e punho, sempre movido por uma causa nacional, a paz, a democracia, o respeito pelos direitos humanos e a justiça social”.

Maquinze, hoje cadeirante, foi um dos guerrilheiros da RENAMO desde os tempos de André Matade Matsangaisse, fundador deste movimento, mantendo fidelidade à organização mesmo durante a liderança de Afonso Dhlakama, que morreu no dia 03 de Maio de 2018, na serra da Gorongosa, oficialmente vítima de doença.

“Ao nosso General Timóteo Maquinze Bote Nhate e outros oficiais que hoje são desmobilizados apresentamos a nossa merecida continência e fazemos votos de muitos sucessos na nova situação social”, concluiu Ossufo Momade, na presença de representante do Governo na Comissão dos Assuntos Militares e de elementos da RENAMO que integram a Comissão dos Assuntos Militares do processo de Desmobilização, Desarmamento e Reintegração Social.

A cerimónia de desarmamento e desmobilização de Maquinze decorreu na cidade da Beira porque é nesta cidade onde este oficial da RENAMO reside, depois de ter passado algum tempo internado no hospital central local, na sequência de uma doença grave, tendo sido visitado pelo Presidente da República de Moçambique, Filipe Jacinto Nyusi, ainda no leito hospitalar.

Processo contestado

O processo de DDR tem sido contestado por algumas alas da RENAMO, tendo inclusivamente levado à criação da Junta Militar, liderada pelo major-general Mariano Nhongo, que se opõe violentamente a este esforço e por arrastamento rejeita a liderança de Ossufo Momade, a quem acusa de trair os ideais de Dhlakama.

A oposição interna da RENAMO à liderança de Momade tem, inclusivamente, vindo a mobilizar-se e a organizar comícios e encontros com a população, sobretudo nas províncias de Tete e de Sofala, regiões onde, a par da Zambézia e Nampula (terra natal de Ossufo), a “perdiz” goza de grande implantação – e tem recolhido apoios maioritários, perdendo para o partido Frelimo sobretudo devido à alegada manipulação de resultados eleitorais, com alguns dos dirigentes partidários locais defendem o afastamento do actual presidente do partido.
Em paralelo, algumas das estruturas oficiais da RENAMO, caso dos delegados políticos provinciais e municipais, têm sido expulsos pela população sempre que tentam reunir ou convocar os habitantes. Existem mesmo registos de terem sido atacados com pedras, tendo de recorrer à proteção da Polícia local.
Embora não se reclamando como parte da Junta Militar da RENAMO, a mensagem política dos opositores internos coincide com a do movimento de Mariano Nhongo, que nos últimos dias parece estar animado com as sucessivas notícias de que o Governo está a falhar no cumprimento da sua parte nos entendimentos de 06 de Agosto de 2019, em Maputo – Acordo de Paz Definitiva.

A Junta Militar da RENAMO tem vindo a colocar um conjunto de exigências que passam pela renegociação dos termos do processo de Desarmamento, Desmilitarização e Reintegração (DDR) com o Governo, refazendo os termos do actual, e mudanças internas na RENAMO, incluindo a realização de um congresso extraordinário com o objectivo de repetir o Congresso de Janeiro de 2019, contestado e no qual Ossufo Momade conquistou a presidência da “perdiz”.

Redactor

Este artigo foi publicado em primeira mão na edição em PDF do jornal Redactor do dia 18 de Agosto de 2021.

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