Discursos triunfalistas
Discursos triunfalistas vs realidade – Sou grande fanático de Samora Machel. Foi muita pena não ter trabalhado no tempo em que era chefe do Estado.
Mas consumia com muito gosto os seus discursos longos através da rádio ou lia-os integralmente na revista Tempo.
Samora não era triunfalista nos seus discursos sobre a pobreza. Foi triunfalista contra o analfabetismo, depois de reduzir as taxas altas. Era visionário que falava de intenções sócio-económicas de Moçambique e dos moçambicanos sem distinção. Porque sabia que moçambicanos eram trabalhadores, Samora não fazia discursos de apelos repetidos para aumento da produção, pois sabia que o povo produzia. Aliás, nunca formou fila para pedir comida a ninguém porque produzia sua própria comida nas machambas com enxada de cabo curto ou com junta de bois ou de vacas. Por isso cantava se ha pfuna a Moçambique – “Estamos a produzir em Moçambique”.
O campo, onde Samora, eu e você, leitor, nascemos, sempre produziu comida sem apelos de Presidente ou chefe do Estado.
No interior do país, a comida dos camponeses apodrece por falta de estradas para o escoamento da sua produção para mercados de comercialização.
Armando Guebuza dirigiu o país durante 10 anos com discursos repetidos de apelos para a população produzir como se não se produzisse.
O Presidente Filipe Jacinto Nyusi está a fazer quase copy e past de discursos de Armando Guebuza nas zonas rurais.
Acho que é insulto, um Presidente da República ir ao campo dizer a população para produzir comida, porque sempre produziu mesmo sem apelos do chefe. O povo quer estradas e rede de comercialização da sua produção.
Um vídeo que circula nas redes sociais desde semana passada, recordar-nos um discurso de Samora Machel a dizer que alguns responsáveis deixaram embalar-se por relatórios falsos, triunfalistas e que escamoteiam a realidade, porque alguns dirigentes são sensíveis à adulação, gostam de ser adulados, são sensíveis ao servilismo, ao lambebotas, ao beija-mão.
Segundo Samora Machel, alguns dirigentes perderam a sensibilidade para os problemas do povo. Ficaram insensíveis às queixas do povo e comprometem-se.
Em Cabo Delgado, o povo está a ser massacrado por extremistas. Alguns dirigentes aconselham o povo a dormir pouco para se manter vigilante.
O caso de Cabo Delgado já ultrapassa a Polícia.
Os militares devem abandonar os quartéis e intervir para garantir a segurança do povo, porque basta de discursos triunfalistas perante a realidade no terreno.
Joanesburgo, integrante da província de Gauteng.
THANGANI WA TIYANI
Este artigo foi publicado em primeira mão na versão PDF do jornal Correio da manhã, edição de 13 de Junho de 2018, na rubrica semanal O RANCOR DO POBRE
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