Doadores perderam confiança

Doadores – Terminou, no sábado passado, 01 de Junho na cidade da Beira, a conferência internacional de doadores que visava a mobilização de fundos, promovida pelo governo, destinados à reconstrução das infraestruturas zonas afectadas pelos ciclones tropicais Idai e Kenneth.

A conferência durou de 31 de Maio a primeiro de Junho. Estiveram presentes representantes de vários países e de instituições de finança internacional, tais como o Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Mundial, Banco Africano para Desenvolvimento, União Europeia, Banco Europeu de Investimento, etc. A Guiné Equatorial, de Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, e o Banco Africano para Desenvolvimento, foram os únicos do continente africano que se fizeram presentes.

As economias mais salientes de África, como a da África do Sul, Nigéria, Botswana, Tunísia, Marrocos, Angola e Maurícias não foram vistas nem achadas.

O governo apresentou o plano de acção que precisa de 3,2 mil milhões de dólares norte-americanos, porém, os países e instituições apresentaram o seu compromisso em doar USD 1,2 mil milhões, ficando em falta dois mil milhões de dólares, um pouco mais que um terço do pedido.

A reconstrução das infraestruturas resilientes e a reabilitação das empresas das zonas afectadas fica adiada pela exiguidade de fundos, se medidas adicionais não forem tomadas.

Paira a incerteza sobre a reconstrução das escolas destruídas, as casas que ficaram sem tecto, as estradas que desabaram, as igrejas que ficaram danificadas.

Porquê o governo não conseguiu angariar o valor que pretendia? – Muitas hipóteses podem ser levantadas para responder esta questão.

A mais pertinente, segundo a nossa opinião, prende-se com a falta de transparência como o governo tem gerido o bem público. As doações que aconteceram a seguir ao Idai, em bens e dinheiro, não se sabe o que foi feito deles.

Os produtos alimentares apareciam nos mercados paralelos, à venda enquanto o INGC fincava o pé dizendo não terem saído dos seus armazéns.

O dinheiro, que chegava às catadupas às mãos do INGC, ainda não conseguiu justificar. O governo ainda não justificou o que recebeu, já está de mão estendida a pedir mais ajuda. Assim, fica difícil para qualquer alma abrir os cordões de apoio humanitário.

A gestão pouco transparente das doações deve ter pesado para retração dos doadores por se terem apercebido que estão a lidar com pessoas com défice de integridade moral. Hoje, como sempre, ninguém põe o seu dinheiro em bolso furado. O governo tem vindo a provar que não é sério, por isso, os doadores respondem à solicitação do executivo com hesitações. Os doadores perderam confiança no governo que promove a corrupção e promove os corruptos, elevando-os à categoria de heróis.

A luta que o governo abraçou, para trazer de volta da África do Sul Manuel Chang terá debelado a confiança dos doadores por ter soado como um forte sinal de que o combate contra a corrupção é uma simples canção folclórica que não chega a inibir os praticantes da corrupção.

Como se pode confiar num governo que coloca em frente um indivíduo que se gaba de andar a receber fabulosas comissões em serviço do Estado e, como prémio pelas falcatruas que anda a cometer, é promovido para director da campanha do seu partido? A menos que esse partido tenha sido tomado por comissionistas que não perdem a oportunidade de encher os seus bolsos de dinheiro sujo.

Os doadores têm conhecimento disso, por isso, receiam que seu dinheiro beneficie a bandidos. Se deram apenas um terço do pedido formulado, não se deve a qualquer dificuldade por parte deles, mas à falta de confiança nos gestores da coisa pública. Enquanto o poder judicial continuar subjugado pelo poder político, os corruptos não serão castigados, pois, quando condenados submetem recursos ao Tribunal Supremo de onde não são mais julgados.

Os condenados por saberem que nada lhes vai acontecer, vemo-los em praças públicas dando entrevistas de heroísmo, de exortação à pátria que destruíram e outros a girarem pelos hotéis de luxo, feitos promotores de eventos.

EDWIN HOUNNOU

Este artigo foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Correio da manhã, na sua edição de 06 de Junho de 2019, na rubrica semanal denominada MIRADOURO

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