Dunduro: Dados errados
O Governo moçambicano, através do ministro da Cultura e Turismo, Silva Dunduro, anunciou, há dias, que por ocasião da Páscoa que se avizinha, a província de Inhambane iria estar no centro das atenções no que ao turismo diz respeito, com a vinda de muitos turistas, mas a Associação de Hotelaria e Turismo em Inhambane considera que as contas do ministro não batem certo.
Contra factos não há argumentos e o apelo recente do Presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi, é mesmo para aqui chamado, quando alerta aos integrantes do seu Governo a serem humildes e se aproximarem dos operadores, que estão no terreno, para evitar cair no ridículo.
Por exemplo, Inhambane não possui capacidade para acolher os cerca de vinte e cinco mil turistas anunciados pelo Governo.
Os operadores turísticos da província de Inhambane torcem o nariz ante os dados de Dunduro e dizem que não vão conseguir acolher cerca de vinte e cinco mil turistas apontados pelo ilustre titular.
É que neste momento a província de Inhambane conta com apenas cinco mil camas disponíveis, das pouco mais de dezassete mil que são a sua capacidade instalada, entretanto beliscada pela recente intempérie.
A incapacidade actual de responder em pleno à demanda deriva dos efeitos devastadores do ciclone “Dineo” que destruiu mais de cem estâncias turísticas nos distritos de Inharrime, Jangamo, Morrumbene, Massinga e na cidade de Inhambane.
O presidente da Associação de Hotelaria e Turismo de Inhambane, José da Cunha, disse que os distritos em condições de acolher visitantes são os da zona norte da província, nomeadamente, Vilanculo, Inhassoro e Govuro, que escaparam da intempérie.
Da Cunha indicou que neste momento os operadores turísticos das regiões afectadas pelo “Dineo” estão envolvidos na reconstrução das suas infra-estruturas, um processo que lhes custa caro.
Aliás, o temporal veio agudizar a situação económica dos operadores extremecidos desde 2013 com a tensão político-militar.
A Associação de Hotelaria e Turismo fala de biliões de dólares norte-americanos perdidos devido ao clima de instabilidade político-militar, quadro agora agravado com a passagem do ciclone “Dineo”.
“Estamos profundamente afectados e estamos sem muitas alternativas para sobreviver com esta catástrofe (Dineo)”, confessa José da Cunha.
A fonte lamenta, no entanto, o facto de o Governo central mostrar-se insensível ao sofrimento dos fazedores do turismo que remeteram há um mês um pedido de isenção para a importação de material com vista a acelerar o processo de reconstrução mas que até aqui ainda não tem resposta.
Este mutismo das autoridades coloca os operadores numa situação de desespero, porquanto queriam recorrer à banca na África do Sul, Suazilância, entre outros países, para contrair empréstimos e adquirir o material para recomeçarem a vida uma vez que em Moçambique as taxas de juro são asfixiantes (cerca de 30 por cento).
João Paulo, correspondente em Inhambane