EDM dá golpe

A Electricidade de Moçambique (EDM), não pára de marcar penaltis aos consumidores de energia eléctrica e em menos de 12 meses efectuou dois aumentos, deixando estonteantes os moçambicanos, em particular os da baixa e média renda, colidindo com um cantar de um “artista” que, um dia, a pulmões cheios e gritou que “HCB é nossa”. Antes não fosse porque os moçambicanos ainda se davam ao luxo de utilizar fogão elétrico e acender duas lâmpadas, em simultâneo, sem ter que contorcer o coração.

Algo tem que ser explicado, de forma convincente, para que possamos entender o que está por detrás desta grande maratona de aumentar a tarifa de consumo de energia eléctrica. A EDM precisa nos dizer quem baralha as suas contas para ter que se socorrer do bolso dos consumidores. O que se evoca como razão para esses aumentos galopantes, não convence, nem a eles mesmos. Eles sabem que estão a mentir.

Quando aquele artista gritou que “HCB já é nossa”, pela experiência amarga que temos vindo a viver, dissemos que estamos lixados com esses tipos porque todos vão montar ao dorso da HCB. Foi um grito, apenas, de charme. Não mentimos.  Celso Correia diz de boca cheia, numa diabólica confissão com Inês Moiane, ora detida, antiga secretária de Armando Guebuza, que amealhou 30 milhões de dólares norte-americanos na reversão de HCB. Quer dizer que o preço real da compra da HCB não é o que nos apresentam. Houve sobrefacturação e é o povo que pagou o preço superinflacionado.

Cidadãos aguardando atendimento na dependência da EDM de Marracuene
Cidadãos aguardando atendimento na dependência da EDM de Marracuene

Antes da HCB ser “nossa”, comprávamos a energia sem fazer tantos acertos nas nossas contas de somar e subtrair. Ainda que   Moçambique seja o segundo maior produtor de energia eléctrica ao nível da África Austral, cerca de 2.300 MGWh, mas, a energia eléctrica consumida pelos moçambicanos é a mais cara da região. Como foi possível as coisas terem chegado a esse ponto tão crucial? A África do Sul compra a energia à HCB ao preço acordado em 1981 e, até ao presente momento, os sucessivos governos da FRELIMO nunca mais questionaram sobre a necessidade da revisão da tarifa. Porquê esse silêncio misterioso?

Quem, de entre os dirigentes do partido no poder, está a beneficiar-se desse fechar de olhos que transmite a mensagem de que “podem levar, não há problema”. Esses dirigentes dão com a mão direita e recebem com a mão esquerda. Disso não podemos duvidar. A HCB custou, oficialmente, em Novembro de 2007, 950 milhões de dólares norte-americanos e fala-se que Guebuza recebeu, de comissão, USD 50 milhões. Quanto terão recebido aos restantes membros da quadrilha? Isso de que a “HCB é nossa” serve para enganar.

Os maiores clientes da HCB não são os moçambicanos nem são as empresas estabelecidas no nosso território, mas a África do Sul e Zimbabwe. Os moçambicanos e empresas moçambicanas usam, apenas, 25 porcento do total da energia produzida e os restantes 75 porcento vão para África do Sul e Zimbabwe. O défice (75 porcento) é coberto pela energia que a EDM compra, a preço real, às centrais geradoras de energia que pertencem às elites do partido no poder, designadamente, Gigawatt Moçambique, Central Térmica Flutuante de Nacala, Aggreko África. Eles, as elites do partido FRELIMO, estão nessas centrais como sócios e daí fazem uma sucção à EDM que se vê obrigada a comprar à África do Sul a um preço 10 vezes mais caro aos moçambicanos.

Esta é a razão porque a energia da EDM está a ficar cada vez mais insuportável, para além das empresas dos graúdos da FRELIMO que roubam à EDM. Armando Guebuza, Jacinto Veloso, Teodato Hunguana, quem admirávamos, entre outros, que adelgaçam a EDM e, para esta sobrevier, atira-se, por sua vez, às costas dos consumidores moçambicanos.

EDWIN HOUNNOU

Este artigo foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Correio da manhã, na sua edição de 14 de Março de 2019, na rubrica semanal denominada MIRADOURO

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