Eleições injustas e violentas

As eleições autárquicas de Outubro passado que algumas vozes, designadamente o presidente Filipe Nyusi, se esforçam em chamá-las de exemplares, mas, metem nojo, para além  dos truques tradicionais já sobejamente conhecidos como o enchimento de urnas com votos falsos, violência policial, troca de cadernos para baralhar eleitores, importação de eleitores de fora do raio autárquico, etc. A Frelimo perdeu a vergonha e distribuía entre dois a 10 boletins de votos nas assembleias de votos por quem pensavam que fossem seus militantes.

Aqui reside a explicação de o Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE), ter preparado os membros de mesa de voto, mmv’s, da Frelimo separados dos da oposição.

Os que se haviam apercebido da formação disso perguntavam-se que raio de  “feitiço” estariam a aprender os mmv’s da Frelimo.

Agora entende-se que estavam a ser treinados na arte de bem-fazer malabarismos sem medo e o STAE era o seu mestre e aquilo não podia ser do domínio público.

Só um grupo bastante restrito poderia ter acesso a essa informação que muito deve ter ajudado nas vitórias “sufocantes”, como eles designam as suas falcatruas que obtêm contra a oposição.

Uma ligeira leitura sobre as eleições autárquicas de 10 de Outubro permite a qualquer cidadão concluir que foram das mais fraudulentas de entre todas as cinco eleições havidas.

Aqui nos propomos enumerar algumas das mais visíveis ilegalidades que o STAE protagonizou em todas as autarquias.

A produção de cadernos com excesso de eleitores a fim de dar espaço de infiltração de eleitores importados fora do raio autárquico.

O STAE entregou aos concorrentes flashes corrompidos para que não pudessem visualizar nada do seu conteúdo.

A rejeição de Samora Machel Jr visava favorecer o candidato da Frelimo. Reservamo-nos  ao direito de não fazer qualquer comentário sobre os outros cabeças-de-lista que foram afastados da corrida. A intenção da polícia de assassinar o cabeça-de-lista da Renamo, na cidade de Tete, foi clara.

Em Gaza, a Renamo e MDM foram impedidos de fazer campanha e os órgãos eleitorais, incluindo a polícia, ficaram calados.

Se isso tivesse sido feito pela oposição, a polícia teria cometido um grande genocídio.

A polícia assistiu um quadro sénior da Frelimo balear um membro da Renamo, no interior de uma esquadra, na cidade de Tete.

A  polícia  procurou barrar as caravanas da Renamo e do MDM, como foi em Tete, Beira, Alto Molócue,  Gurué e Quelimane.

O primeiro-ministro, Carlos Agostinho do Rosário, encabeçou a delegação do seu partido na campanha, paralisando actividades do Estado, reunindo-se com funcionários, enfermeiros e professores em horas normais de expediente, em Lichinga. Onde mora o Estado?

Aos que se opuseram a essas barbaridades, até ao momento, estão sendo ameaçados de morte, como a organização da Sociedade Civil “Votar Moçambique” que chamou a essa fantochada de eleições de injustas e não transparentes nem livres.

Outros adjectivos mais nojentos servem para qualificar essas eleições de faz-de-conta.

Edwin Hounnou

Este artigo foi publicado em primeira mão na versão PDF do jornal Correio da manhã, edição de 08 de Novembro de 2018 na rubrica semanal MIRADOURO

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