Eleições na RAS: 325 partidos

Eleições na RAS: 325 partidos – Mais de 26 milhões de eleitores sul-africanos votam esta segunda-feira nas sextas eleições municipais desde 1994.

Segundo a Comissão Eleitoral Independente (IEC), 325 partidos políticos – dos mais de 500 existentes na vizinha República da África do Sul – estão registados para concorrer às eleições locais em 278 municípios dos quais oito cidades metropolitanas.

Mas nem todos os partidos políticos têm capacidade de concorrer em todos os 278 municípios. O Congresso Nacional Africano (ANC), no poder desde 1994, Aliança Democrática (DA), líder da oposição, e Partidos dos Combatentes para Liberdade Económica (EFF), são os maiores partidos no cenário político sul-africano.

A imprensa sul-africana que tem acompanhado atentamente a dinâmica do processo político local, reporta que as eleições de 2021 podem ditar massiva mudança no cenário político nacional depois do ANC ter admitido pela primeira vez desde 1994 que estava preparado para conversações sobre coligação.

O ANC reconhece a sua grande fragilidade nos principais centros urbanos onde não goza de simpatias do eleitorado da classe média

A Secretária-geral interina do ANC, por sinal antiga Embaixadora da África do Sul em Moçambique, Jessie Duarte, disse a jornalistas na quarta-feira em Joanesburgo que o seu partido tinha identificado partidos com os quais pode entrar em acordo de coligação.

Jessie Duarte não revelou os nomes dos partidos, mas referiu que estão em linha com a base ideológica do ANC.

A DA deu sinal da sua prontidão em cooperar com o partido no poder. Fontes da DA disseram que o partido estava a avaliar o que considera melhor para o país e que em alguns casos pode facilitar trabalhar com o partido no poder.

Um casamento pós-eleitoral entre o ANC e DA pode ser grande mudança no cenário político sul-africano, depois do governo de unidade nacional de Nelson Mandela que incluía outros partidos.

Entretanto, grupinhos dentro do ANC podem resistir dar baptismo ao casamento com a Aliança Democrática formada por resquícios do extinto Partido Nacional arquitecto do sistema do apartheid combatido pelo ANC durante várias décadas até 1994. 

Nas últimas eleições municipais de 2016, o ANC perdeu o controlo das cidades estratégicas de Joanesburgo, coração económico-financeiro nacional, Pretória, capital do país e sede do Governo, e a cidade de Porto Elizabete, polo de desenvolvimento da indústria automóvel, por causa do desgaste e escândalos de governação exacerbados por clivagens internas.

Durante a campanha eleitoral, o líder do ANC Cyril Ramaphosa pedia votos dizendo ao eleitorado que o partido reconhecia os erros que cometeu no passado, mas queria nova oportunidade.

Entretanto, o desemprego elevado, aumento da pobreza, crise de energia caracterizada por cortes constantes e prolongados da electricidade e corrupção são principais desafios do ANC no poder. (Eleições na RAS)

Analistas consideram que o partido vai ganhar a maior parte dos 278 municípios, mas os centros urbanos são o cavalo de batalha do mais antigo movimento político em África.

A Aliança Democrática sofreu pesada derrota nas eleições gerais de 2019 sob liderança do jovem negro Mmusi Maimane.

Depois deste desaire Maimane foi corrido da liderança da AD ou DA e a ala conservadora branca tomou as rédeas do partido sendo que as eleições desta segunda-feira são o primeiro teste da frágil recuperação.

A DA usa a aparente boa governação na cidade do Cabo desde 1999 como bandeira para conquista da confiança do eleitorado desesperado com o desempenho dos grandes partidos políticos na governação.

O radical Partido dos Combatentes pela Liberdade Economia aproveita falhas de governação do ANC nos últimos 27 anos para dizer aos eleitores que devem experimentar outros actores.

Os jovens das boinas vermelhas aproveitam a figura da falecida populista Winnie Madikizela Mandela para fazerem a campanha, dizendo que o ANC marginalizou a activista que resistiu às brutalidades do sistema do apartheid quando o seu marido Nelson Mandela estava na prisão.

O EFF homenageou Winnie baptizando a sua sede nacional em Joanesburgo com o nome dela e usando o slogan “empregos e terra agora” para pedir votos ao eleitorado.

A frustração do eleitorado com os grandes partidos joga a favor dos pequenos que podem desequilibrar a correlação de forças à busca de votos no meio do descontentamento generalizado em relação aos grandes desde 2016.

A campanha eleitoral foi marcada por alguns actos de violência que culminaram com a morte de pelo menos oito pessoas em todo o pais. (Eleições na RAS: 325 partidos)

THANGANI WA TIYANI, CORRESPONDENTE NA ÁFRICA DO SUL

Compartilhe o conhecimento
  •  
  •  
  •  
  •  
  •  
  •  
  •  
  •  

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *