Mandela House

Ir a Joanesburgo, em turismo, e não reservar algumas horas para visitar a antiga casa do ícone da luta contra o apartheid, a Mandela House, é, como diz um velho ditado, ir a Roma e não passar pela Praça de São Pedro para ver se vislumbra o Papa.

Situada na esquina das ruas Vilakazi e Ngakane, no Soweto, a Mandela House é lugar de romaria diária de dezenas de turistas de todo o mundo, não fosse a razão acrescida de aquela ser a única, até hoje, em todo o mundo, que hospedou dois laureados com o Prémio Nobel da Paz, nomeadamente Nelson Rolihlahla Dulubhunga Mandela (Madiba) e Desmond Mpilo Tutu, arcebispo da Igreja Anglicana.

A pacata habitação, construída em 1945 e na qual Mandela viveu a partir de 1946, com a sua primeira esposa oficial (1944/1958), Evelyn Mase, e o seu filho mais velho e, mais tarde, com Winnie Madikizela (1958/1996), antes de ser detido em 1962 e mais tarde condenado à prisão perpétua, tem hoje estatuto de museu.

Restaurante da Família Mandela aberto próximo da Casa Museu
Restaurante da Família Mandela aberto próximo da Casa Museu

Depois de libertado, em 1990, Nelson Mandela voltou a morar por uns dias na casa de Soweto até se mudar para uma outra relativamente maior, no mesmo bairro histórico.

Daqui Madiba só sairia definitivamente para ocupar a residência presidencial, depois de ter sido eleito, em 1994, para ser o primeiro presidente negro da história da África do Sul (1994-1999).

Para visitar a Casa-Museu de Mandela onde este político negro respeitado à escala mundial apenas não habitou com a sua terceira e última esposa oficial, a moçambicana Graça (1998/2013), os adultos pagam ZAR 60 (sessenta Randes, aproximadamente 285 meticais/pessoa) e as crianças ZAR20 (cerca de 95 meticais).

Na casa-museu, restaurada em 2009, apesar de nela sobrarem poucas coisas originais dos tempos de Mandela, é possível ver móveis, fotografias, quadros, objectos de uso pessoal, livros, prémios e até pessoas da família da personalidade africana mais admirada em todo o mundo e comprar algumas lembranças num pequeno quiosque adstrito, desde livros, camisetas, bonés e outros distintivos.

As ruas Vilakazi e Ngakane e imediações, no Soweto, transformadas em atracções turísticas
As ruas Vilakazi e Ngakane e imediações, no Soweto, transformadas em atracções turísticas

A própria rua Vilakazi está literalmente repleta de lojinhas de ‘souvenirs‘ e alguns restaurantes onde o cliente, para além da comida e bebidas, é recebido por grupos culturais que se esmeram à exaustão através de cânticos, danças, declamações e outras manifestações históricas, turísticas e culturais, evocando, eminentemente, Mandela, Tutu e outras figuras e datas relacionadas com a luta anti-apartheid.

Tanto a antiga casa de Desmund Tuto, que desde 2011 passou a ser designada “Simon Van Der Stel Foundation” (também aberta ao público), como a de Mandela, transformada em museu desde 1997, estão oficialmente registadas como património histórico de Joanesburgo.

A casa do homem nascido em Mveso, Transkei, aos 18 de Julho de 1918, erguida no bairro mais conhecido de toda a África do Sul, está diariamente aberta ao público entre nove horas e as 17 horas, sem nenhuma interrupção.

Depois de longos 27 anos a penar na cadeia erguida pelos racistas na Ilha de Roben (Cidade do Cabo), Mandela morreu, em 2013, aos 95 anos, depois de cumprir um mandato como presidente da República da África do Sul, exercício durante o qual se esforçou em transformar um país gravemente ferido pela segregação racial em “país arco-íris”, onde coabitam diversas raças em harmonia.

A luta pela qual o famoso prisioneiro N.º 46664 da Ilha de Roben se bateu continua, e aparentemente a vitória sobre ela não parece tarefa fácil. Mas diz-se que onde há vida, há esperança e eu acrescento que a vitória é difícil, mas pertence aos sul-africanos!

REFINALDO CHILENGUE

 Este artigo foi publicado em primeira mão na versão PDF do jornal Correio da manhã,  edição de 22 de Janeiro 2018.

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