Estabilidade macroeconómica

Moçambique continua a registar passos firmes para ultrapassar um conjunto de desafios no sentido de restaurar a estabilidade macroeconómica. Nalgumas áreas, o progresso foi notório, como no caso da melhoria da Balança de Pagamentos, a consequente estabilidade cambial e a descida da inflação que se observa desde 2017.

Porém, este ajustamento tem um custo elevado, que se traduz num crescimento mais lento do Produto Interno Bruto (PIB), que desacelerou para 3.2% ano a ano no primeiro trimestre de 2018, de uma média de 7.3% ao ano entre 2000 e 2015.

Esta análise foi apresentada pelo economista chefe do Standard Bank, Fáusio Mussá, no decurso do Economic Briefing, realizado, terça-feira, 19 de Junho, em Maputo, com o objectivo de apresentar as perspectivas económicas, para o segundo semestre deste ano e para o próximo ano, 2019.

No decurso da sua análise, o economista chefe destacou que dois factores caracterizam a actual conjuntura económica, nomeadamente riscos elevados do lado fiscal e perspectivas de crescimento lento da economia, até o arranque das exportações de GNL-Gás Natural Liquefeito dos projectos da Bacia do Rovuma, muito provavelmente em 2022/2023.

Alguns dos participantes ao Economic Briefing
Alguns dos participantes ao Economic Briefing

Fáusio Mussá considerou que a ausência de tensão militar desde finais de 2016 e os passos significativos para o alcance de uma paz duradoura são os elementos que mais contribuíram para a melhoria das perspectivas económicas.

“Apesar destas melhorias, notamos que o Banco de Moçambique reduziu o ritmo de corte da sua principal taxa de juro de referência, MIMO, de 150 pontos base nas reuniões do Comité de Política Monetária de Dezembro de 2017, Fevereiro e Abril de 2018 para 75 pontos base na reunião deste mês (http://www.correiodamanhamoz.com/bm-reduz-taxa-de-juro/). Este comportamento muito provavelmente indica que os riscos fiscais permanecem elevados”.

Para o economista chefe do Standard Bank, com o alto nível das taxas de juro, a maior parte do crédito para a economia é canalizada para o sector público, quando num cenário em que as taxas de juro seriam mais baixas haveria apetência por parte do sector privado, para começar a financiar a sua actividade o que iria estimular a recuperação económica.

Num olhar para os próximos anos, Fáusio Mussá sustentou que, antes da exploração do gás natural na Bacia do Rovuma, prevista para 2023, as perspectivas são de que o PIB cresça a um ritmo muito abaixo dos níveis históricos, sendo que, em termos de PIB per capita, no ano passado, registou-se uma contracção: enquanto o PIB cresceu 3.7, o PIB per capita contraiu 5.3 por cento.

“Entretanto, a nossa análise indica que o País continua a dar passos firmes para a recuperação da economia. Mas a manutenção da estabilidade macroeconómica requer uma aceleração das reformas estruturais, nomeadamente no sistema judiciário, ambiente de negócios, sector bancário e financeiro, fiscal e nas empresas públicas”, referiu Fáusio Mussá.

De acordo com o economista chefe, reflecte, também, “o crescimento do sector exportador, particularmente o mineiro, incluindo algumas empresas que têm conseguido manter um nível considerável de negócios, investindo capitais próprios”.

Redacção

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