Estado Islâmico

Estado Islâmico – No dia 03 de Junho corrente, apareceu, nas redes sociais, um comunicado emitido por um suposto Estado Islâmico, anunciando, ao mundo, ter efectuado, e com sucesso onde dizem ter tombados 16 militares governamentais, um ataque que o comunicado se referia como sendo o primeiro, numa aldeia de nome Metumbe, no Distrito de Macomia, província de Cabo Delgado, protagonizado por aquele grupo terrorista.

Na nossa recente passagem por Cabo Delgado aproveitamos para percebermos melhor os contornos desse ataque. Ouvimos pessoas de diferentes quadrantes e várias fontes de notícias para entendermos este fenómeno. Tanto em Pemba, cidade da capital provincial, quanto nos distritos onde estivemos em busca da verdade dos factos, ninguém confirma a presença de homens armados, pretensamente, do Estado Islâmico.

As populações dizem conhecer, somente, os bandidos de Al-Shabab, pelos ataques horrendos de decapitação que andam a fazer e os estragos que espalham queimando habitações, infraestruturas sociais como centros de saúde, farmácias cantinas e celeiros. As populações que contactamos confessaram que nunca tinham ouvido antes de novos bandidos do Estado Islâmico. Portanto, o comunicado lançado não passa de uma grande mentira para, apenas, assustar as pessoas menos atentas. Serve para amedrontar infundir medo nas pessoas porque o grupo denominado Estado Islâmico ainda não actua, em Moçambique. Ninguém confirma a sua presença. Ninguém viu a sua acção. O tal comunicado é falso, descabido e sem qualquer fundamento, concluem.

Estivemos nos distritos de Meluco, Palma e Mocímboa da Praia, incluindo a cidade de Pemba. Lá não encontramos uma única pessoa que a acredite num suposto ataque dos bandidos do Estado Islâmico. Disseram-nos ainda que o islamismo radical proclamado pelo Estado Islâmico entra em contradição com o islamismo mais liberal, tolerante e mais humano praticado por muçulmanos de Moçambique. Por isso, não é de acreditar que o Estado Islâmico encontre espaço de sobrevivência nas comunidades muçulmanas locais.

A instalação do Estado Islâmico poderia representar um duro golpe para o Estado de Direito e Democrático que se pretende construir no país. A lei da sharia, que é a base do funcionamento do Estado Islâmico seria (um conjunto de leis islâmicas que governam não somente os rituais religiosos, mas também a vida corrente das comunidades e de uma nação) um retrocesso e as populações têm uma ideia já formada sobre isso.

Os horrores provocados pelo Estado Islâmico são bem conhecidos pelos povos sob a sua subjugação, por isso, os muçulmanos moçambicanos, aqueles que contactamos e ouvimos, não estão receptivos a acolher os métodos terroristas desse grupo que massacram em nome de Allah. Dizem os muçulmanos que o Alcorão proíbe matar o próximo, porém, o Estado Islâmico não só é promotor como também é o principal instrumento da violência contra os povos.

As actividades do Estado Islâmico comparam-se às cruzadas europeias dos Séculos XII-XIV em que víamos grandes caravanas de homens levando, numa mão, a espada e, noutra, a Bíblia, desse modo, semeavam terror e espalhavam a morte nas comunidades. A História veio, mais tarde, a demonstrar que aqueles terroristas andavam à procura, no Oriente Médio, de matérias-primas para a sua indústria em ascensão, a religião servia, apenas, de capa para camuflar os seus actos macabros e banditescos. As cruzadas eram grupos de bandidos que invadiam territórios de outros países alegando salvaguardar lugares santos.

Nos nossos tempos, a História volta a repetir-se. Estamos a ser assolados por grupos terroristas que pretendem inviabilizarem o desenvolvimento do nosso país e visam, antes de mais nada, enfraquecer o nosso Estado para, a partir daí, tomarem de assalto os nossos recursos.

As populações que sofrem, na pele, os ataques dos bandidos percebem que o Al-Shabab é o filho mais pequenino do Estado Islâmico e esperam que o Estado moçambicano tome medidas mais apropriadas para pôr cobro ao terrorismo, matanças, decapitações e roubo de bens das populações.

O propalado “primeiro ataque” do Estado Islâmico, em Moçambique, não passa de uma mentira monumental do Al-Shabab a fim de lhe conferir alguma credibilidade.

EDWIN HOUNNOU

Este artigo foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Correio da manhã, na sua edição de 27 de Junho de 2019, na rubrica semanal denominada MIRADOURO

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