Estamos a pedir Estrada Nacional Número 1 de verdade!
Utentes e agentes de negócios clamam por uma Estrada Nacional Número Um (EN1) “de verdade” em Moçambique, porque, alegam, o actual estado desta via simplesmente danifica viaturas e prejudica todo o tipo de negócio que se pretenda desenvolver, principalmente do Rio Save até ao extremo Norte do país.
Francisco Gomes é utente da EN1 desde 2013 e diz que o percurso entre a cidade de Maputo e a capital da província nortenha de Niassa, Lichinga – aproximadamente 2800 quilómetros – que em circunstancias normais se fazia em dois dias e meio, se percorre, nos dias que correm, na melhor das hipóteses, em cinco dias.
“Isto é um martírio”, desabafa Francisco Gomes, enxugando a cara cheia de suor com dorso da mão, tentando pôr a trabalhar o motor do autocarro da sua entidade empregadora, avariado já lá vão cinco dias.
A nossa Reportagem encontrou Gomes em apuros com a problemática viatura de uma transportadora de passageiros nacional, no troco rodoviária entre a ponte sobre o rio Púngue (à entrada do distrito de Gorongosa) e Inchope, no distrito de Nhamatanda, na província de Sofala, Centro de Moçambique.
“O carro avariou há cinco dias, quando vínhamos de Lichinga e tivemos que retirar os passageiros para uma outra viatura. Nem faço ideia quando chegarei a Maputo, mas não será em menos de cinco dias, porque o motor aquece excessivamente e temos que parar para reforçar água no radiador constantemente”, diz o nosso interlocutor.
“Isto já de estrada não tem nada, é apenas um assassino de viaturas. Você pode meter aqui um carro novinho em folha. Fazendo percurso Maputo/Lichinga, no regresso já é uma sucata”, desabafa, referindo que na secção rodoviária entre Rio Save e Nicoadala (província da Zambézia) escusado falar em cumprimento de regras de trânsito.
“Aqui não há sinalização rodoviária vertical nem horizonta. A regra é escolher o buraco que achar menos profundo para o seu veículo”, frisa Gomes.
Sem sinalização como é que controlam a velocidade à entrada de uma localidade?
Gomes esboça um sorriso amarelo e remata: meu amigo, como reduzir velocidade à entrada numa localidade se não se anda acima dos 60 quilómetros a hora? Aqui só se anda entre os 30/40 no máximo.
“Só estamos a pedir Estrada Nacional Número Um de verdade! ”, insiste Francisco Gomes, agradecendo a solidariedade desinteressada dos residentes ao longo da EN11 que vinca, não se cansam de ajudar motoristas e passageiros, quando ficam com os seus veículos avariados.
PNG ressente-se do cenário
O clamor de Francisco Gomes é secundado por Pedro Muagura, administrador do Parque Nacional da Gorongosa (PNG), para quem “a EN1 desapareceu em 2018”
“O estado da EN1 é o maior desafio para a performance do PNG. Até 2018 chegamos a ter mais de metade dos cerca de 2000 visitantes em média/ano de nacionais, mas hoje em dia vir ao Parque Nacional da Gorongosa a partir da Beira ou de Chimoio é um martírio. A única solução é recorrer a avioneta”, diz Muagura.
“Há pessoas que dizem que os moçambicanos não gostam de fazer turismo. É mentira. Só que não é fácil percorrer este troço rodoviário, e alugar uma avioneta é muito caro”, avalia o administrador de Parque Nacional da Gorongosa.
Pedro Muagura diz que ele própria pensa mais de três vezes para ir visitar a família em Chimoio ao fim-de-semana. Também quando digo às minhas crianças ‘venham para cá’, elas perguntam se a estrada já está boa. “Por vezes digo que sim, está razoável, mas as televisões mostram quase sempre que não está nada boa”, lamenta.
Sempre bem-humorado, Pedro Muagura brinca, mas falando verdade: saindo de Chimoio ou da Beira para aqui a pessoa chega doente. Ao invés de vir para lazer, chega aqui soneca, dorme, devido ao cansaço.
“A reabilitação da EN1 é urgente”, clama Muagura.
REFINALDO CHLENGUE
Este artigo foi publicado em primeira mão na edição em PDF do jornal Redactor do dia 06 de Abril de 2023.
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