Pedro Muagura reconhecido

Pedro Muagura, o Administrador do Parque Nacional da Gorongosa, Pedro Muagura, foi, na pretérita semana, reconhecido publicamente, em Kigali, na República do Ruanda, no decurso do Congresso de Áreas Protegidas, como vencedor do prestigiado prémio “Kenton R. Miller para Inovação em Parques Nacionais e Sustentabilidade de Áreas Protegidas”.

O prémio foi atribuído há dois anos pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) e pela Comissão Mundial de Áreas Protegidas (WCPA) na Suíça a este homem dedicado de uma humildade e simplicidade em vias de extinção. 

Líder de um projecto que inicialmente foi visto com elevado cepticismo por muitos, mas que hoje arrasta seguidores e promete réplicas em muitas regiões de Moçambique e não só, Pedro Muagura, participou no Congresso Africano das Áreas Protegidas como convidado especial a em reconhecimento pelo trabalho excepcional por ele desenvolvido. 

O prémio foi entregue a Muagura perante centenas de ambientalistas e foi euforicamente aclamado pelos presentes no evento, em representação de 50 países de todos o mundo.

Confrontado no seu dia-a-dia, com o dilema de desmatamento contínuo, perda de biodiversidade e a luta pela subsistência dos agricultores locais após uma devastadora guerra civil que durou 16 anos em Moçambique opondo, Muagura teve a ideia de cultivar café nas encostas das montanhas desmatadas que em algum momento serviram de base principal do movimento rebelde armado que combatia o Governo estabelecido em Maputo.   

Hoje, as encostas da Serra da Gorongosa estão paulatinamente ficando cobertas com um impressionante manto verdejante, graças ao emprenho deste engenheiro agrônomo nascido e residente no Centro de Moçambique e dono de um sorriso cativante.

Ele propôs que o café fosse cultivado à sombra de árvores nativas replantadas, dando uma renda à população local e, ao mesmo tempo, restaurando a floresta. 

Na altura, a ideia de Pedro Muagura não foi compreendida pelos colegas da equipa.

Parte da comitiva moçambicana presente no congresso realizado na semana passada em Kigali

“Cantávamos todos os dias para reflorestar, plantar as espécies de flora nativas que estavam em desaparecimento, as pessoas plantavam, mas o volume das pessoas que percebiam o que é que estava a acontecer e o que devíamos fazer era menor, mas pensando na parte de benefícios econômicos, que deve ser um benefício imediato”, desabafa Muagura.

Por acreditar no poder transformativo da iniciativa nas Comunidades, Pedro Muagura perseverou e continuou focado em provar que a sua visão ganharia espaço, apesar de não ter sido registada experiência de cultivo de café na zona da Gorongosa, ou mesmo em muitas partes de Moçambique. 

Firme no seu desígnio, Muagura reuniu mudas de café e plantou. Dois anos e meio depois, colheu os frutos de Café e levou a Reunião de Coordenação do Parque e apresentou o resultado.  A sua iniciativa foi aceite o Projecto financiado pelo Parque e Parceiros. 

Pedro Muagura trabalhou em estreita colaboração com a comunidade auscultando as suas necessidades e demonstrar que os benefícios da restauração superariam os ganhos de curto prazo da agricultura de corte e queimada.

Hoje o projecto do café da Gorongosa é um inegável sucesso e está a ocupar perto de meio milhar de pessoas de quase todos os extractos sociais e níveis académicos, até iletrados, na sua maioria habitantes da zona tampão do Parque Nacional da Gorongosa (PNG).

Muagura teve também a perspectiva do género, garantindo que as mulheres tivessem autonomia para contribuir com os viveiros de mudas e árvores recém-plantadas. 

Actualmente, a população da Serra da Gorongosa planta cerca de 200.000 árvores de café por ano, juntamente com 50.000 árvores da floresta tropical, e as mulheres representam 50% dos pequenos agricultores.

O Congresso de Áreas Protegidas foi organizado pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) e contou com o apoio dos Governos africanos e organizações internacionais ligadas a conservação de Biodiversidade.

A delegação moçambicana ao Congresso Africano das Áreas Protegidas -APAC – é Chefiada por Celmira da Silva, Directora Geral da ANAC e integra quadros do Ministério da Terra e Ambiente, e em particular da Administração Nacional das Áreas de Conservação (ANAC).

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