Estratégia “de” Hermínio

Estratégia – Os bandidos armados que desde Outubro de 2017 estão a vandalizar algumas regiões de Cabo Delgado, Norte de Moçambique, parece estarem, efectivamente, a implementar uma estratégia recentemente apontada como muito provável de ocorrer por um experimentado guerrilheiro, em resposta à acção combinada das Forças de Defesa e Segurança (FDS) moçambicanas, ruandesas e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), naquela região.

O general Hermínio Morais, um excelente sabotador e estratega da guerrilha da RENAMO (1976/1992) defendera, esta semana, numa entrevista a um canal de tv moçambicano, que os terroristas que actuam em Cabo Delgado podiam se dispersar em pequenos grupos e propagar as suas acções por muitas e novas regiões de Moçambique.

Essa estratégia não é nova: assim procedeu a Frelimo na década de 70, do século passado, quando acossada pela tropa portuguesa durante a tristemente célebre “Operação Nó-Górdio”. De igual forma procedeu a RENAMO, quase duas décadas volvidas, para retaliar à intervenção combinada dos efectivos militares governamentais moçambicanas apoiadas por forças estrangeiras, no auge da chamada “guerra civil”, “luta pela democracia” ou “guerra de desestabilização”, dependendo do prisma.

É que notícias recentes referem que depois de afugentados das principais bases em Cabo Delgado, em pequenos grupos, os terroristas têm estado a atacar al­deias de alguns distritos daquela província nortenha de Moçambique.

Basicamente, os relatos indicam que os grupos incendeiam casas e, em alguns casos, provocam mortes no seio das poucas comunidades residenciais dos distritos de Muidumbe, Nangade, Mocímboa da Praia, Palma e Macomia.

Particularmente, para o caso de Nangade, relatos apontam para ac­ções de pequenos grupos terroristas em campos agrícolas de Chacamba, Ro­vuma e Mandimba, a sensivelmente 10 quilómetros da sede distrital.

Residentes locais apontam ter visto um grupo composto por cerca de 15 terroristas, que chegou a trocar tiros com a chamada força conjunta, que integra elementos das Forças de Defesa e Segurança, e milícia local. Segundo o jornal mediaFax, o episódio de alguma confrontação teve lugar nesta segunda-feira, mas não se conhece os resultados do tiroteio.

Relata-se, entretanto, que os grupos terroristas terão conseguido incendiar as poucas casas que sobra­vam na aldeia Chacamba, isto depois de bom número de residências ter sido incendiado a 8 de Abril, numa acção também atribuída aos bandos atacantes.

Relata-se, igualmente, que os terro­ristas estão a caçar as populações locais nos esconderijos da mesma zona, mas também fala-se de um exercício intenso de perseguição e caça aos atacantes, pela força local, particularmente em Man­dimba, local que se diz que os terroristas tentam fundar uma nova base.

Por causa desta realidade, as indi­cações da vila sede distrital de Nangade apontam para alguma agitação, particu­larmente pelo facto de muitos populares estarem a chegar. São populares que estão a sair das aldeias por onde os terroristas passaram nos últimos dias, assim como de outras próximas da vila sede, acrescenta este periódico.

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