Falsas promessas

Promessas – Passou, esta quinta-feira (06 de Junho), um ano após o então vereador de Transportes da cidade de Maputo, João Matlombe, ter assegurado, em público, ao Presidente da República de Moçambique, Filipe Jacinto Nyusi, que até ao fim de 2018 a capital moçambicana não mais teria os tristemente conhecidos “my love” (carinhas de caixa aberta) a transportar pessoas na capital moçambicana.

A garantia foi dada justamente no primeiro dia da visita de Nyusi à cidade de Maputo, durante a qual o chefe de Estado tinha na manga a questão dos transportes como um dos assuntos principais.

Na altura, recorde-se, Matlombe foi peremptório e assegurou que até ao fim de 2018 Maputo terá 100 por cento de disponibilidade de transporte público de passageiros, incluindo nas chamadas “horas de ponta”.

Incrédulo, o presidente Nyusi perguntou a Matlombe “o que é 100 por cento? Significa termos disponibilidade acima da procura? É possível ter disponibilidade acima da procura até ao fim do ano?

Sem papas na língua, presumivelmente por saber que neste país nenhum político ou servidor público é seriamente responsabilizado por falsas promessas e outras atitudes que tais, Matlombe encheu o peito e respondeu ao Presidente da República: “É possível, sim, senhor Presidente. Em Março, lançamos o concurso público para a concessão de rotas. Além dos 300 autocarros que estão a ser distribuídos, uma cooperativa está a negociar com a banca o financiamento para a compra de 70 autocarros”.

Nyusi fincou o pé e insistiu no seu cepticismo, tendo de imediato comentado, num comício realizado nas imediações do Estádio Nacional do Zimpeto: “O meu medo é assumirmos compromissos (não exequíveis) ”.

Adiante, o chefe de Estado exemplificou: “no ano passado, alguém sugeriu-me para pararmos com a importação do frango, sob alegação de que Moçambique já produzia o suficiente. Mas eu disse que não estava seguro. E no fim do ano não tínhamos produzido suficiente para satisfazer a procura”.

Hoje por hoje, quem for à rua, sem esforço algum vislumbra, nas imediações e mesmo nas chamadas zonas nobres da cidade de Maputo, a qualquer hora do dia, o “chapa” de caixa aberta, vulgos my love, transportando pessoas e de certeza ninguém se recorda de indagar quem fez promessas falsas ao Presidente da República e aos utentes.

E, nós, como bons “patriotas”, somos amiúde exortados a aceitar estas e outras promessas falsas, porque claramente não realizáveis, e quem na hora questiona é rotulado com nomes epítetos feios.

E lá vai, este Moçambique, com o seu povo a ser alimentado com falsas promessas, como se o tempo estivesse parado.

REFINALDO CHILENGUE

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