Falso médico detido

Um falso médico foi detido pela polícia após prescrever antirretrovirais a um paciente com malária no distrito de Gondola, Manica, centro de Moçambique.

O detido tinha em funcionamento uma clínica clandestina desde 2005, que foi também encerrada.

Este foi um dos episódios mais bem-sucedidos da intervenção policial, numa região em que antibióticos partilham bancas de mercado ao ar livre com inseticidas e remédios contra “males de amor”.

Na operação, além do falso médico, a polícia deteve outros dois colaboradores, sem qualificações farmacêuticas, mas que prescreviam e administravam medicamentos numa clínica caseira que funcionava há 12 anos na zona de Muda-Serração, em Gondola.

Os agentes retiraram das prateleiras grandes quantidades de fármacos fora do prazo, desde 2015, disse Elsidia Filipe, porta-voz da Polícia de Manica.

“Era um verdadeiro atentado público”, justificou, adiantando que a clínica oferecia todos os serviços hospitalares sem o mínimo de condições exigidas.

A polícia dirigiu-se ao local após a denúncia de um paciente que recebeu antirretrovirais para tratamento de infecção por HIV, durante uma consulta para despiste de malária do seu filho, que apresentava febres altas.

“Um dos clientes dirigiu-se à clínica na sexta-feira para adquirir comprimidos para tratamento de malária e, chegando lá, foi atendido. Mas em vez de receber comprimidos para o tratamento da malária, obteve antirretrovirais. O paciente estava preocupado porque o filho padecia de malária e fez a denuncia na Polícia”, disse Elsidia Filipe.

Os indiciados chegaram a apresentar documentação datada de 2005 que autorizava a clínica a funcionar, mas a polícia verificou que o documento “era falso” e que “a clínica nunca tinha sido inspecionada”, sublinhou.

Esta é a maior operação da Polícia contra a prescrição de medicação falsa, desde que em 2015 declarou guerra à venda de remédios nos mercados informais – altura em que começou a lançar operações relâmpago para desativar redes de vendedores e clínicos ilegais, referiu Elsidia Filipe.

Milhares de moradores da província de Manica compram medicamentos nos mercados informais, alimentando um negócio geralmente assegurado por jovens sem qualificações farmacêuticas e que fazem também atendimento clínico.

O mercado é abastecido por medicamentos desviados do circuito das instituições públicas, geralmente envolvendo profissionais de saúde e farmácias de Chimoio e dos distritos.

Tanto no “mercado da Feira” como no “38 Milímetros”, os mais populares de Chimoio, capital de Manica, produtos tradicionais africanos para curar males de amor disputam espaço com um antibiótico como a tetraciclina, usado para infecções bacterianas, ou com Coartem, para tratar malária, e até canamicina, que apesar de cair em desuso globalmente, ainda se encontra à venda, indicado para certas infecções sexualmente transmissíveis.

Os remédios são vendidos sem obedecer a padrões de transporte, manuseamento ou administração.

Não raras vezes são expostos ao sol e à chuva e colocados em contacto com inseticidas para eliminar baratas, mosquitos e ratos.

Sem banca fixa, os vendedores transportam o produto em maletas ou nos bolsos.

Redacção

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