Faltam serviços básicos em Palma e Mocímboa da Praia

Faltam serviços básicos e apoio humanitário para alimentar a população em algumas zonas outrora altamente infectadas pela actividade das células armadas violentas no Norte de Cabo delgado, admite o ministro da Defesa de Moçambique, Cristóvão Chume.

O objectivo “imediato” nas operações “era libertar as zonas e criar condições básicas para o regresso da população”: isso já aconteceu, “mas ainda não é o fim”, referiu o governante, no balanço da visita, dois anos depois da chegada de tropas estrangeiras para apoiar Moçambique no combate à insurgência armada na província.

“Nalgumas zonas estamos a 60%” de regresso de população, “em Palma quase 80%, mas ainda temos grandes desafios”, sublinhou Chume, em Pemba, depois de viajar com uma comitiva de jornalistas que passou por Afungi, Mute, Mocímboa da Praia e Palma.

Os desafios residem em garantir “serviços básicos”, como “água, saúde, infraestruturas e apoio humanitários que possa tirar a população da pobreza” – pobreza no sentido de “não ter algo para comer”, sublinhou.

“Ainda temos alguns desafios, mas em termos de estabilidade, isso foi conseguido”, referiu.

Mocímboa da Praia foi um dos exemplos destacados, com o governante a salientar que a vila, que “era tida como a capital dos terroristas”, tem hoje “mais população do que tinha antes de ser ocupada”.

Há liberdade de movimentos “sem restrições de segurança”, embora admita que as forças de defesa e segurança ainda recomendam precaução nalgumas zonas onde ainda circulam células terroristas.

Cristóvão Chume disse que o retorno da população – cerca de um milhão de deslocados que nos últimos cinco anos fugiu dos ataques armados – é o termómetro com que mede a estabilidade da província.

Mas a tendência de regresso também coloca pressão sobre a necessidade de reposição de serviços.

Além dos serviços públicos, o ministro da Defesa fez um apelo à banca para que reabra os balcões destruídos, porque a retoma do comércio e outras actividades faz com que haja mais dinheiro na rua – e Chume preferia vê-lo nos bancos em vez de estar disponível para actividades menos lícitas, alertou.

A província de Cabo Delgado enfrenta há cinco anos (desde Outubro de 2017) uma insurgência armada com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.

A insurgência levou a uma resposta militar desde Julho de 2021 com apoio do Ruanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projetos de gás, mas surgiram novas vagas de ataques a Sul da região e nas vizinhas províncias de Nampula e Niassa.

O conflito já fez um milhão de deslocados, de acordo com as Nações Unidas, e cerca de 4.000 mortes, segundo o projecto de registo de conflitos ACLED.

Redactor

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