“Farmagate”: linha de fuga

“Farmagate” – O Presidente da República da África do Sul começa a dar sinais da linha de fuga que pretende seguir na tentativa de se livrar do escândalo relacionado com o roubo de avultadas somas de dinheiro na sua fazenda de Phala Phala em Fevereiro de 2020.

Tudo indica que Matamela Cyril Ramaphosa vai fazer de tudo para atirar responsabilidades do sucedido na sua fazenda localizada na província de Limpopo, fronteiriça com Moçambique, a terceiros.

Interrogado no Parlamento, esta quinta-feira (29Set) Ramaphosa começou por admitir a ocorrência, referindo que o dinheiro furtado é produto da criação e venda de animais, actividade que diz ter declarado ao parlamento e outras instituições relevantes.

“Houve um roubo na fazenda e eu denunciei a um general do Serviço de Polícia da África do Sul [supõe-se que seja o Major-General Wally Rhoode, chefe da Unidade de Protecção Presidência] que mais tarde me informou que ele também denunciou a outro general do SAPS”, disse Ramaphosa, no Parlamento.

Esta teoria de responsabilização de terceiros, começou a ser desenhada no início desta semana quando o ANC, no Parlamento, sugeriu que a fazenda de Phala Phala é uma empresa na qual Ramaphosa é apenas sócio maioritário.

Entende o ANC, presidido por Ramaphosa, que esta via, o seu líder não pode ser responsabilizado, porquanto a fazenda tem gestores.

Parece que esta será a linha de defesa de Ramaphosa, até porque quando questionado porque motivo não há nenhum processo sobre o roubo ele disse que “os processos vão se desenrolar. No final, o general de polícia será capaz de responder a essa pergunta”.

Ramaphosa voltou a dizer que vai colaborar com as autoridades que estão a investigar a ocorrência, como diz o tem feito até agora.

“Vou me submeter a todo o tipo de processos, vou cooperar”, disse o estadista sul-africano aos parlamentares.

O “farmagate” veio à tona somente em Junho deste 2022 quando o antigo chefe da “secreta” sul-africana, Arthur Frases, denunciar o caso numa esquadra de Joanesburgo, acusando Ramaphosa de encobrimento do sucedido, sequestro e lavagem de dinheiro.

Na queixa de Fraser é dito que o Major-General e outros membros da inteligência, a mando de Ramaphosa, conduziram uma investigação ilegal que culminou com a detenção dos supostos ladrões de dinheiro. Estes teriam sido seviciados e depois de devolverem dinheiro foram subornados para se manterem calados.

No seu depoimento, Fraser diz que se trata de mais de quatro milhões de dólares, não declarados às autoridades fiscais, que estavam escondido num sofá, na fazenda de Phala Phala.

O valor teria sido “descoberto” por uma empregada [namibiana] de Ramaphosa que “alertou” um irmão seu que, por seu turno, dirigiu a gang que alegadamente se apoderou do dinheiro.

Esta quarta-feira (28 de Setembro) a presidente do parlamento, Nosiviwe Mapisa-Nqakula teve que nomear o advogado Malhape Sello para integrar o painel independente que vai investigar se há ou não matéria para o início do processo de impeachment.

Sello, que integrou a “Comissão Zondo”, substitui o professor de Direito da Universidade da Cidade do Cabo, Richards Calland, que pediu demissão após queixas da Aliança Democrática e do EFF de que em suas aparições públicas tem demonstrado ser um pró-Ramaphosa.

O Painel deve apresentar o seu relatório em um mês

RAULINA TAIMO, correspondente na África do Sul

https://bit.ly/3QTWzrW

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