Frelimo e Renamo comentam
Os principais partidos políticos de Moçambique, Frelimo e Renamo aproveitaram o primeiro dia da 8ª sessão da Assembleia da República para reiterar os seus posicionamentos perante a actualidade política nacional.
Com efeito, o partido Frelimo apelou hoje à Renamo para honrar o compromisso que assumiu em relação ao desarmamento do seu braço armado, defendendo a necessidade de uma paz duradoura no país.
“Esperamos que a liderança da Renamo seja fiel à sua palavra e ao compromisso assumido perante os moçambicanos, de depor, definitivamente, as armas”, declarou a chefe da bancada da Frelimo na Assembleia da República, Margarida Talapa.
Margarida Talapa assinalou que a desmilitarização do braço armado da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) é essencial para a instauração de uma paz duradoura no país.
“O processo de desarmamento iniciado deve ser prosseguido e concluído com sucesso, devolvendo a esta pátria amada a tranquilidade, paz e harmonia, para que prossigam as acções de desenvolvimento”, enfatizou Margarida Talapa.
A chefe da bancada parlamentar da Frelimo defendeu que a presença no país de peritos internacionais para a supervisão da desmilitarização da Renamo oferece garantias de êxito no processo.

Por seu turno, a chefe da bancada da Renamo, Ivone Soares, defendeu que o desarmamento da força residual do partido deve ser feito com seriedade e responsabilidade, no contexto de um processo de reconciliação nacional.
“Este processo deve fazer parte de um esforço mais vasto de reconciliação nacional e de despartidarização do Estado, bem como de tolerância política”, declarou Ivone Soares.
A chefe da bancada parlamentar da Renamo falou ainda das recentes eleições autárquicas, qualificando-as de “uma farsa”, acusando o partido Frelimo de “roubo” nas urnas com a ajuda das Forças de Defesa e Segurança (FDS).

“A grande farsa eleitoral [ocorrida nas eleições autárquicas do dia 10 deste mês] é prova inequívoca de que o Estado moçambicano está capturado pelo partido Frelimo”, disse Ivone Soares, chefe da bancada da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), falando na Assembleia da República.
Ivone Soares o partido Frelimo de se manter no poder através do “roubo” de votos, promovendo irregularidade deliberadamente.
“Tudo indica que a Frelimo não quer que haja eleições em Moçambique, quer governar roubando os votos que o povo deu à Renamo e aos outros partidos da oposição”, afirmou Soares.
O presidente moçambicano Filipe Nyusi anunciou no passado dia 06 de Outubro o início do processo de Desmilitarização, Desmobilização e Reintegração (DDR) do braço armado da Renamo .
O acto marcou a chegada de nove peritos militares internacionais liderados pelo general argentino Javier Antonio Pérez Aquino, 58 anos, cuja mais recente missão consistiu em supervisionar, para as Nações Unidas, o desarmamento de guerrilheiros na Colômbia.
O processo de DDR que agora arranca é a segunda parte de uma negociação que o presidente moçambicano encetou no último ano com Afonso Dhlakama, após o cessar-fogo decretado por este em Dezembro de 2016.
A primeira parte levou a um acordo sobre a descentralização do poder, consumada em maio com alterações à Constituição e consequente adaptação das leis eleitorais – com as quais o principal partido da oposição ambiciona poder vir a disputar nas urnas a liderança de mais municípios e províncias do país.
Redacção