Frelimo pisca olho

Frelimo pisca olho – A presidente da Assembleia da República, Verónica Macamo, anunciou no dia 24/07, ao plenário do Parlamento que Manuel Chang havia renunciado ao seu mandato de Deputado, perdendo, assim, a imunidade que concorreu para que não fosse extraditado para Moçambique, como havia decidido o anterior ministro da Justiça e Serviços Correcionais do governo sul-africano, Michael Masutha.

Disse ainda que foi ele próprio que quis. Não acreditamos muito nessa versão oficial.  É uma estratégia do partido Frelimo para ir marcando passos. O partido Frelimo sempre se bateu para resgatar o seu camarada. Recordamo-nos da “makwaia” do Tribunal Supremo (TS), Procuradoria-Geral da República (PGR), e pela bancada parlamentar a que Chang pertencia para resgatá-lo da cadeia sul-africana.

À última hora, os camaradas inventaram uma acusação quase esfarrapada e os camaradas da Comissão Permanente da Assembleia da República chancelaram a mentira e os seus companheiros da PGR lá rumaram à África do Sul para formalizarem o pedido de regresso de Chang, ignorando o apelo americano que o queriam nos Estados Unidos a fim de responder pelas acusações que ainda pesam sobre ele de ter roubado dinheiro dos americanos em nome do povo de Moçambique.

O camarada ministro sul-africano ignorou todas as recomendações e sugestões de caractere jurídico-legal e, à porta de saída, exarou um despacho para que Chang voltasse ao convívio dos seus camaradas.

Isso representava, para todos os efeitos, uma vitória retumbante dos porcos e caloteiros. Se isso tivesse acontecido seria o triunfo do mal sobre o bem, estimularia a corruptos, estaria a premiar à corrupção. Seria um sinal da internalização da corrupção. O novo ministro da Justiça sul-africano, Ronald Lamola, agiu em resposta do Fórum de Monitoria ao Orçamento (FMO), uma agremiação da sociedade civil moçambicana, que se bate pela transparência da gestão dos fundos públicos. Está de parabéns o FMO pela atitude patriótica!

A que propósito vem a renúncia do mandato de deputado e a consequente perda da imunidade por Chang? É para mantê-lo nas celas sul-africanas até as eleições passarem. Se Chang voltar agora para o país, isso vai incomodar os camaradas e pode consolidar a ideia de que o partido Frelimo é uma organização de delinquentes que persegue o enriquecimento sem causa.

O seu regresso iria adensar o ambiente de desconfiança sobre as reais intenções do partido Frelimo, já podre de corrupção que até chega ao ponto de promover guerras para acumular dinheiro. Foi dentro desse contexto que fizeram a contratação das dívidas inconstitucionais alegando que o país estava em guerra. O que eles queriam era o dinheiro. A defesa da pátria, na qual os corruptos se escudaram foi um discurso para o público.

A segunda intenção da retirada da imunidade a Chang consiste em convencer as novas autoridades sul-africanas de que o aparente obstáculo de mandarem de regresso está removido do caminho.

Assim, já não se pode dizer que Chang ao pisar o território nacional não será preso nem interpelado e, de seguida, o Tribunal Supremo e a PGR devem ter submetido (???) um pedido para o seu camarada ficar por aí até depois de 15 de Outubro. Não descartamos a tal possibilidade a concluir pela forma como agem em ralação ao poder executivo. Ao mesmo tempo, as autoridades moçambicanas pretendem transmitir à administração norte-americana que Chang é, também, um arguido, assim tentarem atenuar a pressão que vinham exercendo sobre as dívidas odiosas e arquivarem a exigência da “caixa-negra” para a procedência.

Gostaríamos de salientar aqui que Chang não foi o único nessa roubalheira.

 

O antigo chefe de Estado, Armando Guebuza, está metido até ao pescoço. O nervosismo que tomou conta de Filipe Nyusi, durante a entrevista com a RDP/RTP, em Lisboa, tem fundamento. Todos eles comeram. Ninguém tem as mãos limpas.

Semana passada, um semanário da praça publicou uma confissão de um banqueiro (Andrew Perase) a dizer, em tribunal, que entregou à família Guebuza através de Ndambi Guebuza, 50 milhões de dólares norte-americanos, ficando cristalino o envolvimento de Guebuza na roubalheira.

Trata-se de uma grande brincadeira! De um truque. Eles comem e nós pagamos a factura! A verdade, aos poucos, vem à tona.

Se tivéssemos uma justiça ao serviço do povo, há muito que teríamos sabido disso tudo e se hoje sabemos alguma coisa é graças à prisão de Chang, a pedido do FBI, polícia federal norte-americana.

Gostaríamos que a administração norte-americana não se esquecesse da questão do calote levado a cabo pela quadrilha da “pátria-amada” como forma de expressar o seu  “khanimambo/kinaxukuru/tambhonga/obrigado” pelas facilidades que correm na exploração dos nossos recursos naturais como gás natural.

Os grandes investimentos que se pretendem fazer no sector energético deixam antever um certo abrandamento nas exigências das autoridades norte-americanas relativamente ao golpe financeiro.

O povo quer todos os envolvidos presos, julgados e condenados a devolverem o que roubaram.

Chega de proteger bandidos e gatunos!

EDWIN HOUNNOU

Este artigo foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Correio da manhã, na sua edição de 01 de Agosto de 2019, na rubrica MIRADOURO

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