Hawks dá aula policial

Hawks dá aula – Enquanto noutras paragens geográficas se usa, de forma recorrente, o método “prender para investigar”, polícias profissionais preferem “perder” anos a “seguir” para apenas deter depois de reunidas todas as evidencias de que não estão a cometer nenhuma desumanidade.

Exemplo de boa postura acaba de nos chegar da Unidade Especial de Investigação Policial da África do Sul (Hawks) que preferiu “perder” quatro longos anos a acompanhar a conduta criminosa de presumíveis líderes dos garimpeiros ilegais, vulgos “zama zamas”, activos em Carltonville e Khutsong, no Oeste de Joanesburgo.

Apenas depois de reunir todas as provas de que efectivamente os indivíduos se entregavam a práticas criminosas é que a Hawks lançou mão e deteve, quando em Moçambique se festava o Dia da Paz, seis suspeitos de liderarem um grupo de “zama zamas” na província sul-africana de Gauteng.

Na posse dos suspeitos, que se presume serem os chefes do grupo criminoso, foram apreendidas 14 viaturas de luxo, dentre as quais um Ranger Rover Evoque, Ford Raptor, Audi A3, dois Golf GTI’s, um VW Amarok Bakkie e um camião –  e armas de fogo que se acredita que eram usadas pelos activistas dedicados à mineração ilegal.

O porta-voz do Hawks, Katlego Mogale, diz que os seis indivíduos ora detidos estavam a ser seguidos desde 2018, por suspeita de estarem directamente envolvidos na mineração ilegal. Para o efeito, a polícia seguiu o rasto de pelo menos seis trasançoes num valor de mais de 500 mil rands.

“Os suspeitos estariam comprando material de ouro dos zama zamas, processando-o e vendendo-o para um nível acima na hierarquia”, disse Mogale, declinando especificar se entre os detidos figuram indivíduos de nacionalidade moçambicana.

Amiúde, e com provas, as autoridades sul-africanas dizem, claramente, que a mineração ilegal na África do Sul é dinamizada por indivíduos provenientes de Moçambique, Zimbabwe e Lesotho.

A maioria dos operacionais dos grupos “zama-zama”, agora a serem combatidos pelas populações, são recrutados nos países de origem e submetidos a este trabalho, a troco de “migalhas”, de acordo com analistas que seguem este tipo de crime.

No decurso das “ escavações” feitas pelos ‘ zama zamas”, em minas oficialmente já encerradas, há uma logística preparada minuciosa por uma cadeia de comando, que inclui asseguramento de mantimentos diversos.

Os seis detidos devem comparecer no Tribunal de Carltonville esta quarta-feira (05 de Outubro). Espera-se que seja o começo para desvendar toda a cadeia de mineração ilegal. (Hawks dá aula)

RAULINA TAIMO, correspondente na África do Sul

https://bit.ly/3oc1lWc
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