Hipocrisias

HipocrisiasApesar deste título, acredito que ninguém vai fingir não saber que “Moçambique é maningue nice”, como sói dizer-se.

Mas porquê?

Porque muitos dos estrangeiros que aqui chegam maldizem dele (Moçambique e do seu povo), mas não mais querem regressar às origens, findas as suas comissões de serviços, no caso dos que vêm destacados para esse efeito, incluindo alguns diplomatas.

É do domínio de todos que Moçambique é muito assediado por estrangeiros oriundos de diversos cantos do planeta.

Moçambique deve ser o único ou dos poucos países onde é fácil de (des)governar.

É onde os seus políticos e analistas avaliam desapaixonada e claramente episódios/eventos decorrentes além-fronteiras, mas que muitos escamoteiam e/ou desvirtuam a realidade doméstica.

Moçambique é onde quando um mal começa quase todo o mundo minimiza/ignora, até atingir contornos monumentais, para admití-lo e fingir tentar resolver. Alguns exemplos:

início da guerra da Renamo. Dizia-se serem meros “bandidos armados”, a aniquilar em curto espaço de tempo;

tráfico de órgãos humanos. Primeiros ralatos oriundos de Nampula e a morte até hoje não esclarecida da primeira denunciante;

raptos, sequestros e resgates;

esquadrões da morte;

delapidação/expoliação dos recursos minerais;

desflorestamento desenfreado da flora e dizimação impiedosa da fauna, principalmente por cidadãos de nacionalidades bem identificadas (falou-se da intenção de certos círculos determinados a minar os laços históricos entre Moçambique e os países de origem dos protagonistas dessas práticas).

Quarenta anos volvidos, (parece que) se tenta resolver as motivações da guerra da Renamo, se admite haver problemas de tráfico de órgãos humanos, de raptos, sequestros e resgates, de esquadrões da morte, de pilhagem de recursos naturais, de desgoverno, etc., etc.

Mas, por causa da hipocrisia que campeia, ninguém é responsabilizado.

Por exemplo, depois do que o Presidente da República foi constatar nas visitas aos cinco ministérios, que medidas tomou/ou vai tomar?

Estamos aqui para ver, se é que não se trata(ou) de exercícios de diversão ou cosméticos.

Refinaldo Chilengue na sua rubrica semanal TIKO 15, que sai às sextas-feiras na versão PDF do jornal Correio da manhã

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