Jovens derrotam Bouteflika
Bouteflika – Foi um verdadeiro duelo entre Golias e David nas ruas de Argel e Paris, que começou a 22 de Fevereiro último.
O poderoso Golias representado por Abdelaziz Boutiflika insistia em candidatar-se para a chefia do Estado argelino, que lidera desde 1999, apesar do fraco estado de saúde na sequência da trombose que sofreu em 2013.
O franzino David foi representado por estudantes que arrastaram simpatizantes nas ruas de Argel e Paris, capital francesa, casa de mais 1.2 milhões de imigrantes argelinos.
No final da década de 1990, Bouteflika desempenhou papel reconhecido na pacificação do pais mergulhado em violência movida por extremistas islâmicos que matou mais de 200 mil pessoas.
Com apenas 19 anos de idade Abdelaziz Bouteflika juntou-se ao Exército Nacional de Libertação, ala armada da Frente Nacional de Libertação, movimento nacionalista argelino, que lutava contra o regime colonial francês.
Em 1963, com 25 anos tornou-se o ministro dos negócios estrangeiros mais jovem do Mundo, recorde que ainda hoje mantem na história da diplomacia mundial.
Os seus créditos diplomáticos são reconhecidos em casa e em vários países que beneficiaram de apoio argelino para a libertação dos seus respectivos povos do colonialismo.
Entretanto, o poder envenenou o diplomata e estadista Bouteflika. Com 82 anos, 20 dos quais como chefe do Estado, e com saúde precária, o veterano político queria manter-se na corrida para mais um mandato.
Jovens mobilizaram-se contra a vontade do veterano.
Os militares tentaram intimidar dizendo que não iriam permitir anarquia nas ruas de Argélia que ameaçasse a segurança do pais ao estilo da ‘primavera árabe’.
Os jovens não vacilaram, apesar de ameaças, e o veterano que prometia deixar o poder logo depois das eleições rendeu-se nesta segunda-feira retirando a sua candidatura presidencial.
Na anterior crónica do Rancor do Pobre falamos de riscos de dar nomes de pessoas vivas a infra-estruturas, alertando que podem trair a revolução.
Bouteflika manchou a sua reputação extraordinária revolucionária, diplomática e estadista com ambição desmedida de poder. Aconteceu com Robert Mugabe, do Zimbabwe, e com outros líderes africanos.
Cuidado, tarde ou cedo, O Rancor do Pobre vinga-se.
THANGANI WA TIYANI, CORRESPONDENTE NA ÁFRICA DO SUL
Este artigo foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Correio da manhã, na sua edição de 13 de Março de 2019, na rubrica semanal denominada RANCOR DO POBRE
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