Karimo cometeu haram!

Karimo – Embora atirar pedras contra o Sheik Abdul Karimo, presidente da Comissão Nacional de Eleições (CNE), seja o mesmo que pontapear um cão morto porque ele é uma pedra bastante insignificante no xadrez político do partido Frelimo. Ele não participa na concepção da estratégia da grande máfia do partido governamental, limitando-se, apenas, a operacionalizar a fraude que mantém os malandros e espertos no poder. A fraude é concebida ao nível do gabinete eleitoral do partido Frelimo, executada pelo STAE, incluindo os presidentes das mesas de voto, secretários de bairro, povoação, aldeia e por aí em diante que mobilizam os eleitores mesmo à boca de urna.

O Sheik Abdul Karimo e os seus colegas, ao nível da CNE aprovam as falcatruas que vêem das bases, muitas vezes, nem precisam comparar ou confrontar os editais, como foi desta vez. Bastou, para os mafiosos da CNE dar uma olhadela ao Power Point, violando, como sempre, a lei o Artigo 119 da Lei Eleitoral que obriga que o apuramento geral dos resultados eleitorais seja realizado com base nas actas e editais referentes ao apuramento distrital e de cidade e com base nos dados da centralização recebidos das Comissões Provinciais de Eleições. Para eles todas as manobras, nem que sejam obviamente criminais servem desde que conduzem à manutenção e exercício do poder.

Como os agentes do partido Frelimo (o Sheik Abdul Karimo e os restantes oito vogais do partido Frelimo) sabiam muito bem que os editais e as actas tinham o potencial de esclarecer que os resultados em analise foram falsificados, o Sheik Abdul Karimo, esse que não se importou em fazer haram (pecado) para satisfazer os seus patrões, rejeitou, de forma liminar, a apresentação das actas e editais e ordenou a aprovação dos resultados que estavam em Power Point. São estes resultados fraudulentos que dão uma vitória esmagadora e asfixiante, como eles gostam de chamar às suas práticas nojentas de enchimento as urnas, ao partido Frelimo e ao seu candidato, Filipe Nyusi.

Boletins pré-votados circularam aos montes no dia da votação

Assim sendo, celebrar a vitória do partido Frelimo e de Filipe Nyusi é institucionalizar a fraude como forma de disputar uma eleição. A comunidade internacional deveria, sem mais delongas, abster-se de apoiar os regimes quase fascistas que escolhem a fraude para se manterem no poder. Os regimes políticos sempre passam enquanto os povos sempre continuam existindo pelos séculos e séculos fora. Os povos estão acima dos governos por muito poderosos que sejam tanto política como economicamente. A primazia deve ser para a estabilização da situação dos povos e não de outro modo.

Os governos democráticos do mundo inteiro e, em particular, amigos do povo moçambicano deveriam, antes de tudo cultivar as suas amizades e simpatias com os povos que sofrem a tirania, opressão e roubos dos regimes totalitários e detentores dos esquadrões da morte dos quais se socorrem para eliminar vozes discordantes e das forças da oposição. Este modus operandi é frequente entre nós e como exemplos citamos os nomes do Professor Gilles Cistac, os políticos Jeremias Pondeca, José Manuel, que foram eliminados. O jornalista e jurista Ericino de Salema e o professor universitário Jaime Macuane que foram quebrados os membros porque, segundo foram avisados pelos seus algozes, falam demais e os patrões (mandantes) não estão a gostar nada da brincadeira.

Um dos momentos do processo eleitoral em Moçambique

O regime que actua de tal maneira não deveria ser apoiado nem saudado por nenhuma entidade estrangeira porque estaria a promover corruptos e fraudulentos. Eles usurparam o poder através da manipulação de resultados eleitorais.   Os ditadores se não conseguem manipularem, não hesitam em recorrer a guerra e a chacina.

Nada pode explicar o escandaloso tamanho da vitória do partido Frelimo e do seu candidato. Sabe-se que Joaquim Chissano fazia fraude, porém, tinha um pouco de vergonha na cara. De igual modo, Armando Guebuza, apesar de ser o patrono das dívidas inconstitucionais, fazia fraude e sabia deixar alguma margem. Filipe Nyusi ultrapassou todos os limites admissíveis – mandou encher as urnas com votos falsos, à luz do dia. Já não há vergonha nem medo. Nas assembleias de voto, giram, pelas mãos dos frelimistas de todos os níveis, boletins de voto pré-assinalados para a Frelimo e seu candidato.

Os presidentes das mesas de voto (todos do partido Frelimo) introduziam votos para o seu partido e Nyusi. Eles não temiam em “convidar” os observadores para irem dar uma volta ou se não queriam fumar um cigarro de modo a, à sua maneira, introduzirem votos nas urnas. A OMM e a OJM (organizações de massas do partido Frelimo) multiplicaram-se em “observadores” nacionais que ajudavam a poluir boletins nas assembleias de voto. A maior parte dos verdadeiros observadores não foi credenciada. Até a polícia, que se acreditava que fosse republicana, foi instruída para apoiar a Frelimo e empenhou-se em escorraçar das salas os delegados de candidatura dos concorrentes da Frelimo que ousassem pôr em causa as jogadas dos presidentes de mesa.

A nossa recente História reza que as guerras pelas quais o povo ficou sujeito se devem à intolerância política, à imensa dificuldade de o partido Frelimo aceitar o pensamento diferente. Não temos dúvidas quando afirmamos que estas eleições, de 15 de Outubro de 2019, constituem um meio caminho andado para novos conflitos. Um povo que aceita ser humilhado, como aconteceu agora, não pode ser respeitado por ninguém porque não se faz respeitar. O povo não deve aceitar os resultados destas eleições que não foram livres nem justas. Não foram transparentes nem credíveis.

A comunidade internacional não deve reconhecer falcatruas e aldrabices para o bem do povo, e não só. A democracia é um bem de toda a humanidade e não se deve limitar aos territórios e povos do Ocidente. Nós, também, queremos democracia, paz e desenvolvimento.

EDWIN HOUNNOU

Este artigo foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Correio da manhã, na sua edição de 07 de Novembro de 2019, na rubrica semanal denominada O MIRADOURO

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