Kroll: Duas leituras
Leituras – Eish… eish… mano chefe Ref, estou confuso. Ajude-me a compreender a verdade do resumo do relatório executivo relativo à auditoria das contas das famosas empresas públicas que tramaram os pobres moçambicanos com a queda do Metical e com a subida vertiginosa dos preços e o custo de vida em Moçambique.
Os escritos do jornalista e académico britânico Joseph Hanlon, interpretando o conteúdo do relatório executivo da Kroll, dizem que foram identificados 700 milhões de dólares norte-americanos de excesso de facturação.
O SISE, Ministério da Economia e Finanças e Bancos, não identificados, recusaram providenciar informações relevantes solicitadas pela Kroll para o apuramento da verdade. A pessoa “A” do SISE alegou que se tratava de informação classificada e segredo do Estado.
No entanto, os jornais Notícias e o País, de Moçambique, citam o Presidente Filipe Nyusi a dizer que a divulgação do relatório “é um passo importante” para a gestão transparente da coisa pública. Nyusi disse mais: “o Governo vai apoiar a PGR”. Então, mano Ref, estou confuso.
Antes de ver os comentários do Chefe de Estado, estava muito aflito, porque tinha percebido que as instituições do Estado de Moçambique esconderam informações para Kroll.
Para mim, neste momento, a identificação dos nomes não é importante. Tarde ou cedo vamos conhecer os nomes de “A” ou “B”, mas não teremos a informação recusada à Kroll sobre o paradeiro do dinheiro desviado.
Não percebo o tipo de apoio que o Governo vai dar à PGR, tendo em conta que em devida altura o Executivo não foi capaz de se impor sobre o SISE e outros para darem pormenores das informações solicitadas.
Para a paz de espírito do “Rancor do Pobre”, assumo que as instituições do Estado não deram informação à Kroll porque é uma empresa privada estrangeira.
Só que, para todos os efeitos, considero que a recusa manchou a “fotografia” do processo, até prova em contrário, porque convidar uma instituição para fazer trabalho de reabilitação da casa com infiltrações e rachas perigosas e depois recusar dar as chaves das portas do edifício ao empreiteiro é simplesmente estupidez.
Espero sinceramente pelo melhor esclarecimento do mano chefe Ref sobre as duas leituras diferentes do mesmo relatório.
THANGANI WA TIYANI
Este artigo foi publicado em primeira mão na versão PDF do jornal Correio da manhã no dia 26 de Junho de 2017, na rubrica semanal intitulada RANCOR DO POBRE