Líderes africanos vs marketing
O mundo assinalou, neste Domingo, o centenário do fim da Primeira Guerra Mundial com cerimónias políticas e religiosas. O conflito envolveu 32 países e matou cerca de 37 milhões de pessoas das quais 10 milhões de militares. Da lista dos países envolvidos não consta nomes de países africanos, mas homens africanos morreram nas frentes de combate na chamada grande guerra.
Os países africanos eram colónias de potências ocidentais e africanos foram alinhados nas frentes de combate como portugueses, britânicos, franceses alemãs, belgas, espanhóis e holandeses.
Num dos monumentos dos combatentes tombados erguido na França apenas havia nomes de militares brancos, mas há cerca de 10 anos a história foi corrigida sendo que na cerimónia que juntou 70 líderes mundiais no Domingo em Paris o papel dos africanos foi reconhecido e representado em voz alta.
Vale a pena tarde do que nunca.
Entretanto, líderes africanos não capitalizaram devidamente o momento através de sua presença.
A África do Sul foi representada pela Ministra da Defesa, mas o Presidente sul-africano foi para Europa dois dias depois da grande cerimónia de Paris e o mesmo aconteceu com o seu vizinho de Moçambique.
Mais de seis centenas de negros sul-africanos morreram no alto mar quando o navio SS Mendi, no qual viajavam sob comando de brancos para participarem na guerra afundou-se na sequência de um acidente.
Em Paris havia 70 chefes de Estado e de Governo, mas não vi ninguém de Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde e São Tome e Príncipe, cinco países africanos que na altura da Primeira Guerra Mundial eram colónias portuguesas. Portugal participou na guerra com um efectivo militar de 55 mil homens ao lado dos aliados.
Assumo que no contingente militar do expedicionário português havia moçambicanos, angolanos, são-tomenses, cabo-verdianos e guineenses.
Mas lamento que dirigentes africanos, incluindo da minha aldeia, sofrem de graves problemas de marketing de imagem dos seus países fora do continente.
Uns alegam contenção de despesas orçamentais por causa de pilhagem de recursos financeiros dos seus povos para benefício próprio, de suas famílias e companhia e outros desconhecem o segredo de gastar dinheiro para fazer mais dinheiro.
A ausência africana nas celebrações do centenário em Paris não ajuda desfazer percepções de um continente analfabeto, doente e mais atrasado no processo de desenvolvimento tecnológico.
Depois da geração de libertadores que popularizam África e de curto intervalo de boa liderança depois do fim da guerra fria, África, incluindo a minha aldeia, tem grave crise de liderança que agrava O Rancho do Pobre.
THANGANI WA TIYANI
Este artigo foi publicado em primeira mão na versão PDF do jornal Correio da manhã, edição de 14 de Novembro de 2018 na rubrica semanal O RANCOR DO POBRE
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