Mal menor: FMI

Mal menor, é como a Associação Moçambicana de Economistas (AMECOM) considera a retoma da assistência financeira do Fundo Monetário Internacional (FMI) a Moçambique.

Mesmo assim, a AMECOM defende “cautela”, porque o financiamento desta entidade vai implicar mais endividamento.

O FMI anunciou no mês passado que chegou a acordo com Moçambique para a aplicação de um Programa de Financiamento Ampliado (PFA) até 2025, desembolsando ajuda financeira pela primeira vez desde o escândalo das dívidas ocultas.

“A equipa do FMI chegou a acordo técnico com as autoridades de Moçambique para um programa de três anos apoiado por um PFA no montante de 470 milhões de dólares norte-americanos”, anunciou o líder da equipa do FMI no país, Álvaro Piris.

Em declarações hoje à Lusa, Pedro Cossa, presidente da AMECOM, qualificou de “um mal menor” o financiamento da organização, assinalando que vai implicar mais endividamento, mas em condições mais favoráveis do que as oferecidas por outros credores.

“Digo que é um mal menor, mas não vejo razões de muito entusiasmo, apesar de termos que recorrer ao FMI, tendo em conta as facilidades que o FMI oferece” nos seus financiamentos, declarou.

A outra vantagem, prosseguiu, é o sinal de confiança, pois a reputação da instituição estimula outros parceiros e investidores a acreditarem em Moçambique.

“Este sinal também pode trazer esses apoios”, observou Pedro Cossa.

O economista enfatizou que o país precisa de continuar a mobilizar recursos internos para o financiamento da economia, através do alargamento da base tributária, para reduzir a vulnerabilidade às incertezas dos fluxos externos.

“Com o fechamento de fontes externas de financiamento, o país virou-se ao mercado interno e vimos um mercado de capitais interno a crescer”, frisou, notando que o recurso ao endividamento externo é “inevitável” nas actuais circunstâncias da economia de Moçambique.

O FMI foi um dos vários parceiros internacionais que suspendeu a ajuda financeira a Moçambique na sequência da divulgação, em 2016, de empréstimos de empresas públicas que não tinham sido anunciados nem ao parlamento nem aos doadores internacionais.

O processo, conhecido como escândalo das dívidas ocultas, envolveu vários governantes do executivo então liderado por Armando Guebuza e no qual o actual Presidente era ministro da Defesa, a área em que operavam as empresas públicas que contractualizaram os empréstimos escondidos.

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