MISA reclama Mbaruca

MISA Instituto de Comunicação Social da África Austral, capítulo de Moçambique pede a intensificação de acções para localizar Ibraimo Mbaruca, jornalista desaparecido há um mês na província de Cabo Delgado.

“O MISA Moçambique pede às autoridades governamentais que intensifiquem acções visando a localização e à restituição de liberdade ao jornalista”, lê-se numa nota da organização não-governamental (ONG) distribuída à imprensa.

Ibraimo Abu Mbaruca, da Rádio Comunitária de Palma, em Cabo Delgado, terá sido sequestrado ao final da tarde de dia 07 de Abril em circunstâncias por apurar, de acordo com seus familiares e fonte do órgão de comunicação para o qual trabalhava.

Segundo o MISA Moçambique, uma organização de defesa da liberdade de imprensa, pouco antes do seu desaparecimento, Ibraimo terá enviado uma curta mensagem (SMS) a um dos seus colegas de trabalho, informando que estava “cercado por militares” e o que se passou depois é uma incógnita.

As autoridades moçambicanas demarcaram-se da eventual detenção do jornalista, acrescentando que o caso está sob investigação.

“Não temos nenhuma informação [nova], estamos a trabalhar”, disse esta quinta-feira (dia em que se fecharam 30 dias do sumiço do escriba) o porta-voz da polícia em Cabo Delgado, Augusto Guta.

O MISA escreveu uma carta a Presidência da República de Moçambique, apelando ao chefe de Estado para “acionar mecanismos” que pudessem restituir a liberdade do jornalista.

No dia 24 de Abril, durante uma reunião com o MISA sobre o caso, a Presidência moçambicana sugeriu à organização que submetesse o caso à Procuradoria-Geral da República moçambicana.

“O MISA Moçambique lembra que é função do Estado, através do Governo, defender os seus cidadãos”, lê-se no documento.

Várias organizações internacionais, incluindo a Amnistia Internacional, a Human Rights Watch e a União Europeia, manifestaram o seu repúdio e pediram às autoridades o esclarecimento do caso.

Cabo Delgado, região onde avançam megaprojectos de extração de gás natural, vê-se a braços com ataques de grupos armados classificados como uma ameaça terrorista e que já mataram pelo menos 600 pessoas nos últimos dois anos e meio.

Em 2019, dois jornalistas locais na região que cobriam o tema, Amade Abubacar e Germano Adriano, foram detidos e maltratados pelas autoridades durante quatro meses, sob acusação de violação de segredos de Estado e incitamento à desordem, num caso contestado pelas Nações Unidas e outras organizações.

A 22 de Abril, o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, admitiu eventuais “violações involuntárias” dos direitos humanos pelas autoridades em Cabo Delgado.

“Em momentos difíceis como o que atravessamos, somos levados a adoptar medidas robustas com vista a defender a nossa soberania e a nossa integridade territorial. Algumas dessas medidas podem involuntariamente propiciar a violação dos direitos humanos”, disse Filipe Nyusi.

 (Correio da manhã de Moçambique)

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