Moçambique manchado
Moçambique manchado – Não basta a guerra em Cabo Delgado e na região Centro que já sujou o nome de Moçambique construído pedra a pedra com suor de todos. A pérola do Índico voltou a ser manchete pela negativa na Media Internacional, nesta segunda-feira, na sequência da destruição por incêndio com indícios de fogo posto da Redacção do jornal Canal de Moçambique, no centro da cidade de Maputo.
Canais de rádio, jornais e redes sociais na África do Sul falaram sobre ataque e deterioração da liberdade de imprensa em Moçambique, onde se registou nos últimos três anos pelo menos 75 violações à liberdade de imprensa.
O presidente moçambicano reagiu contra o incêndio exigindo a responsabilização dos autores do crime.
Os três partidos políticos com assento no parlamento, nomeadamente, Frelimo, Renamo e MDM condenaram o acto considerando ser atentado à liberdade de imprensa.
Mas alguns políticos reagiram cinicamente com lágrimas de crocodilo nos olhos porque seus membros de base têm atacado venenosamente opiniões diferentes das suas em determinados assuntos da vida nacional. Comentadores independentes têm sido fisicamente atacados por pessoas sem rosto e a Polícia nunca conseguiu esclarecer os incidentes. O director executivo do Canal de Moçambique, o jovem Matias Guente, escapou à tentativa de rapto no dia 31 de Dezembro de 2019 na cidade de Maputo.
Ericino de Salema fora raptado e fisicamente espancado em 2018.
O Primeiro-Ministro, Carlos Agostinho do Rosário, exigiu a responsabilização dos autores, mas nada aconteceu até hoje.
Quero acreditar que Filipe Jacinto Nyusi estava sério nas instruções para a responsabilização dos autores do crime contra o jornal. As forças da lei e ordem vão cumprir as ordens do seu comandante-chefe apanhando os autores, caso contrário o chefe vai cair mesmo no descrédito perante os governados – o povo.
A liberdade de imprensa, considerado um dos pilares da democracia, está seriamente ameaçada em Moçambique.
Apesar do decreto das taxas exorbitantes de radiodifusão declarado inconstitucional, o ambiente de liberdade de imprensa permanece poluído, particularmente no sector público, totalmente capturado pelo poder político dirigente em Moçambique.
Quase todos os jornalistas falam de saudades do tempo do governo de Joaquim Chissano cujo espírito de deixa andar facilitou aventuras jornalísticas de jovens ora profissionais seniores amordaçados pelo novo normal do poder político dirigente.
Saudades de briefings semanais do então Primeiro-Ministro, Pascoal Manuel Mocumbi, no edifício do antigo Ministério de Informação, nos quais jornalistas estavam livres de colocar qualquer pergunta sobre qualquer assunto de actualidade e de interesse público nacional.
O chefe do Estado podia ser interpelado por jornalistas em qualquer esquina depois de evento público e falava.
Como em qualquer outra sociedade, exigia-se respeito.
Entretanto, alguns sectores conservadores do poder político e económico faziam ameaças que culminaram com a morte do jornalista Carlos Cardoso em Novembro de 2000.
Mas nenhuma Redacção de jornal foi incendiada, nenhum analista independente foi raptado e espancado em Chihago, nenhum jornalista desapareceu com a Polícia, nenhuma região era no go zone, mesmo durante a guerra de 16 anos.
THANGANI WA TIYANI
Este artigo foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Correio da manhã, na sua edição de 26 de Agosto de 2020, na rubrica semanal O RANCOR DO POBRE
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