Naco de carne custa uma vida

Naco de carne de porco e demonstração de poder perante uma namorada foi motivo “bastante” para um agente da Polícia da República de Moçambique (PRM) tirar a vida de um cidadão em Manica, centro do país.

Reporta na edição de hoje o principal jornal impresso de Moçambique, o “Notícias”, que um estagiário da PRM matou, na passada sexta-feira (08Nov), um jovem de nome Ricardo, residente no  Bairro 25 de Junho, na cidade de Chimoio, capital da província de Manica, por este se ter recusado a partilhar um naco de carne de porco com uma sua namorada (Gracinda).

Refere o periódico que a namorada do agente da Lei e Ordem se sentiu ofendida com a recusa do Ricardo em partilhar a carne e julgou essa atitude motivo bastante para solicitar a intervenção do seu amado.

Em defesa da dama, este, de imediato se fez ao local onde a desinteligência se desenrolava – uma “barraca” – restaurante informal, na companhia de um colega, para obrigar Ricardo a partilhar o naco de carne, ordem uma vez mais rejeitada pelo dono do pedaço de carne.

Furioso, o agente (namorado da Gracinda) ordenou que o Ricardo lhe acompanhasse ao posto policial, ao que o jovem exigiu, em contrapartida, uma notificação oficial para o efeito.

Devido à resistência do Ricardo e na tentativa de mostrar poder perante a namorada, o agente da polícia pegou na sua arma comprada com os impostos dos moçambicanos, eventualmente do próprio visado, e baleou mortalmente o jovem.

Perplexos e furiosos, alguns dos presentes começaram a espancar o estagiário do PRM que só escapou da morte graças à intervenção dos seus colegas.

Neste momento, refere o jornal, o agente da PRM suspeito de homicídio está a receber tratamento no Hospital Provincial de Chimoio, para onde foi socorrido.

O “Notícias” acrescenta que mais tarde a população enfurecida teria ido destruir o mastro do posto policial e respectiva bandeira, além  do mobiliário da secretaria e um par de fardamento da corporação.

“Após vandalizarem o posto policial, situado na proximidade do local dos factos, dirigiram-se à 3ª Esquadra para exigir a cabeça do agente homicida”, escreve o jornal geralmente conotado com o Governo moçambicano.

O matutino prossegue o seu relato referindo que a população enfurecida de seguida invadiu “a casa do líder comunitário, no Bairro 25 de Junho, por este ter tentado mediar o conflito”.

A 3ª Esquadra mobilizou a Unidade de Intervenção Rápida (UIR), que se viu forçada a disparar gás lacrimogénio para amainar os ânimos.

O tumulto, que começou ao princípio da noite de sexta-feira por causa de um naco de carne de porco – “só veio a abrandar na madrugada do dia seguinte”, ainda de acordo com o mesmo jornal.

O estagiário que em nenhum momento é nomeado pelo jornal saiu do trigésimo nono curso da corporação terminado em Agosto deste ano.

(Correio da manhã de Moçambique)

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