Negros contra negros

Negros contra negros – A África do Sul é uma democracia jovem introduzida em 1994 com o fim do regime minoritário branco que governou o país com a política do apartheid desde 1948.

A discriminação racial foi institucionalizada pelo Partido Nacional quando chegou ao poder em 1948. Antes, o país era governado pela minoria branca com uma política de discriminação informal.

A maioria negra não tinha voz activa na governação e na tomada de decisões políticas, económicas e sociais no seu país.

Em 1913, foi introduzida uma lei de expropriação da terra confinando a maioria negra em apenas 13 por cento da terra e a minoria branca com 87 por cento das terras férteis e produtivas.

A lei de 1913 agravou a génese da ocupação estrangeira europeia na África do Sul contestada pela maioria negra que em 1912 formou o movimento reivindicativo dos seus direitos e liberdades chamado South African Native National Congress que mais tarde passou a se chamar African National Congress (ANC).

É o mesmo ANC que lutou mais de 80 anos contra a discriminação racial e pelos direitos e liberdades iguais dos sul-africanos e chegou ao poder em 1994 com políticas de inspiração socialista e comunista.

Entretanto, 24 anos depois da liberdade, os sul-africanos consideram que ainda não ganharam a liberdade total: a terra continua nas mãos da minoria branca.

Em Dezembro de 2017 o Congresso Nacional Africano anunciou a expropriação da terra sem compensação para distribui-la aos sem terra. Logo depois foi criada uma comissão parlamentar para estudar a possibilidade da emenda constitucional visando acomodar a expropriação da terra sem compensação.

Esta semana foi reportado que a comissão começou com o processo de auscultação em todo o país. Mais de 700 mil petições foram submetidas à comissão para a restituição da terra usurpada no âmbito da lei de 1913.

No entanto, na província do KwaZulu-Natal o Rei Godwill Zwelithini, opõe-se ao processo e lançou um apelo para os “verdadeiros zulos” resistirem à expropriação da terra sob sua custódia.

São centenas de hectares de terra controlados pelo rei zulu. No seu apelo Zwelithini instou os verdadeiros zulos a contribuírem com cinco randes, cerca de 22.50 MT, cada, para custear a despesa de eventuais processos judiciais em defesa da terra.

Para Godwill Zwelithini, os zulos vão lutar até ao último homem em defesa da terra que o governo do ANC pretende expropriar para distribui-la a outros sul-africanos negros.

Alguns dos seus súbditos apelaram para que a expropriação seja aplicada apenas para terras ocupadas por brancos.

África do Sul é barril de pólvora que pode explodir a qualquer momento.

THANGANI WA TIYANI 

Este artigo foi publicado em primeira mão na versão PDF do jornal Correio da manhã, edição de 27 de Junho de 2018 na rubrica semanal    O RANCOR DO POBRE.

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