Nhongo “estica a corda”

Nhongo “estica a corda”. Exige que o Governo descarte Ossufo Momade, sob pena de “queimar os blindados” que alegadamente cercam as bases dos seus seguidores na regiao Centro de Mocambque

Com efeito, o líder do grupo dissidente do principal partido de oposição em Moçambique avisou hoje que o centro do país só terá o fim da violência armada com a renúncia do atual presidente da Renamo, Ossufo Momade.

“Se o Governo reconhecer que Ossufo não representa a Renamo [Resistência Nacional Moçambicana] não haverá mais tiro aqui”, disse Mariano Nhongo, numa teleconferência para jornalistas na cidade da Beira a partir de um ponto incerto no centro de Moçambique.

De acordo com Nhongo, a autoproclamada Junta Militar da Renamo enviou um documento para o Governo moçambicano e para um grupo de contacto das negociações de paz com todas as condições para reintegração dos seus guerrilheiros, entre as quais se destaca o afastamento do atual líder da Renamo.

O grupo liderado por Nhongo diz recusar a liderança de Ossufo Momade e “o Governo moçambicano deve aceitar que ele não representa a Renamo”.

“Nós mandámos o documento no dia 2 de Outubro e até hoje não tivemos respostas. O que estamos a ver são blindados [estacionados] nas bases da Renamo”, numa referência àquilo que considera ser a ligação entre o poder do partido e as forças governamentais.

“Agora nós vamos queimar esses blindados”, declarou o líder daquele grupo, sem, no entanto, assumir autoria direta dos ataques que se registam no centro de Moçambique desde Agosto.

Nhongo acusa as forças governamentais de estarem a raptar guerrilheiros da Renamo, com complacência de Ossufo Momade.

“Ossufo e Filipe Nyusi [Presidente moçambicano] estão a roubar o que é nosso e nós não vamos aceitar ir para casa sem nada”, afirmou Mariano Nhongo, que se queixa das condições de reintegração definidas para os guerrilheiros do braço armado da Renamo no Acordo de Paz e Reconciliação, assinado a 06 de Agosto.

“Nós vamos fazer o que nós sabemos. Não estamos a brincar e que a Frelimo [partido no poder] não brinque connosco”, ameaçou Nhongo, considerando que Ossufo Momade e André Madjibire [secretária-geral da Renamo] estão a trair os ideiais de Afonso Dhlakama, antigo presidente do partido que faleceu em Maio do ano passado.

A partir de Maputo o porta-voz da Renamo, José Manteigas, que reiterou que o partido “nada tem a ver com Mariano Nhongo”, considerando-o um desertor e frisando que o principal partido de oposição continua empenhado em cumprir com as cláusulas do acordo de paz.

Desde Agosto, um total de 21 pessoas morreram em ataques armados de grupos nas províncias de Manica e Sofala, incursões que têm afectado alvos civis, polícias e viaturas, atribuídas pelas autoridades a guerrilheiros do braço armado da Renamo que permanecem na região.

Na quarta-feira, o ministro do Interior de Moçambique, Basílio Monteiro, anunciou o reforço de medidas de segurança em Manica e Sofala, que incluem o reforço do policiamento e a escoltas militares em alguns troços, um cenário que remonta ao pico, entre 2014 e 2016, das confrontações militares na crise política entre o Governo moçambicano e a Renamo.

(Correio da manhã de Moçambique)

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