Nyusi cede ao público
O presidente de Moçambique, Filipe Jacinto Nyusi, terá cedido à forte barreira de pressão desencadeada por internautas ao ponto de interromper a visita de Estado que estava a efectuar ao vizinho reino de eSwatini para atender ao rescaldo do ciclone Idai, que varreu algumas regiões do país na semana passada.
Efectivamente, muitos internautas criticaram, nas redes sociais, o facto de o Presidente da República ter mantido e efectuado uma visita ao Reino de Eswatini (ex-Swazilandia), enquanto o país era brutalmente fustigado pelo ciclone Idai.
“O Presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi, encurta a sua visita de Estado que vinha efectuando de 15 a 17 de Março de 2019, ao Reino de Eswatini, para visitar de 17 a 18 do corrente mês, à região Centro de Moçambique afectada pelo Ciclone Tropical IDAI e cheias”, assume a Presidencia da República, em comunicado enviado sábado a note ao Correio da manhã.
Dados preliminares indicam a morte de pelo menos 70 pessoas na sequência da passagem do ciclone Idai no centro de Moçambique.
As mortes resultam sobretudo do desabamento de casas e outras infraestruturas e afogamentos, de acordo com a informação divulgada pela televisão estatal, citando fonte do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC).
A cidade da Beira, uma das maiores do país, com meio milhão de habitantes, foi a mais afectada pelo ciclone e no seu hospital central já foram tratados mais de 400 feridos desde a noite de quinta-feira, segundo fonte daquela unidade.
A capital provincial está parcialmente destruída, continua sem eletricidade da rede pública e as comunicações são limitadas, acontecendo o mesmo noutras partes da província, o que está a dificultar as operações de socorro.
O levantamento do número de vítimas está por concluir, dado que há locais de difícil acesso devido à subida do nível dos rios.
Um deles, o rio Haluma, transbordou e cortou a estrada nacional seis, espinha dorsal do centro de Moçambique e principal via de acesso à Beira, deixando-a isolada, uma vez que o aeroporto da cidade está inoperacional, devido aos estragos, desde quinta-feira.
A tempestade de quinta e sexta-feira foi a segunda grande intempérie da época ciclónica que ameaça o país no princípio de cada ano, sendo que pelo menos 15 pessoas já tinham morrido entre 06 e 13 de março.
As Nações Unidas estimam que haja agora 600.000 pessoas afetadas no centro e norte de Moçambique, seja por terem ficado sem casa, alimentos e outros bens, ou por perderem o acesso a campos para cultivar e a serviços básicos.
Mais de um terço da população afetadas são crianças, calcula o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).
Os maiores problemas para a assistência humanitária de diversas entidades que está no terreno incluem a dificuldade no restabelecimento das comunicações e o acesso às áreas afetadas.
Redacção